Ponte de Westminster, Arena de Manchester, Ponte de Londres, incêndio na Torre Grenfell e, nesta segunda-feira (noite de domingo pelo horário de Brasília), atropelamentos em frente à mesquita de Finnsbury Park. Com exceção do ataque próximo ao parlamento e ao famoso Big Ben, em março, todas as outras tragédias britânicas ocorreram em um intervalo de um mês, o "mensis horribilis" de Theresa May.
O Brexit, até então o maior desafio político do Reino Unido em décadas, virou apenas mais um dos percalços do mês horrível da primeira-ministra britânica, que assumiu o país em julho do ano passado após a renúncia de David Cameron. Tinha uma popularidade comparável a da dama de ferro Margaret Thatcher, 26 anos antes. Quase um ano, três atentados e um grande incêndio depois, ela contabilizava 63% de rejeição entre os britânicos, segundo uma pesquisa divulgada antes do inferno na torre Grenfell da semana passada.
O ataque no bairro de Finnsbury Park no início da madrugada desta segunda-feira pelo horário londrino, em frente a uma mesquita, deve fazer a aprovação cair ainda mais.
Na conta da falta de apoio estão, além dos episódios violentos, o fracasso do Partido Conservador nas eleições legislativas convocadas justamente para que May concentrasse mais poder para enfrentar o Brexit. Ainda atordoada pelo resultado do pleito, ela titubeou diante da tragédia do incêndio na Torre Grenfell, que deixou mais de 60 mortos. Foi fria, nada empática e demorou demais para prestar apoio às vítimas. Somente no fim de semana se recuperou, admitindo que "a ajuda nas primeiras horas depois desse desastre terrível não foi suficientemente boa". A renúncia já bate à porta da residência de número 10 de Downing Street.