Enquanto alguns países europeus se fecham ao resto do planeta e dão uma guinada conservadora, a Irlanda dá exemplo de modernidade, diversidade e inclusão.
Aos 38 anos, Leo Varadkar foi confirmado nesta quarta-feira como novo primeiro-ministro, tornando-se o primeiro gay assumido e a pessoa mais jovem a ocupar o cargo no país, que tem forte tradição católica. Varadkar, que já havia sido escolhido para ser líder do partido governista Fine Gael no lugar de Enda Kenny, conquistou os votos de deputados independentes que participam da coalizão e oficializou sua vitória no parlamento. Detalhe: Varadkar é filho de imigrante indiano com uma enfermeira irlandesa.
Apesar de herdar a economia de crescimento mais rápido da Europa, Varadkar enfrentará desafios imediatos com o Brexit (a saída do Reino Unido da União Européia), uma crise política na Irlanda do Norte e uma crise da habitação no país. Seus colegas esperam que sua eleição amplie o apelo da legenda nas eleições do próximo ano.
A ascensão marca um capítulo da mudança social que aconteceu no país de 4,6 milhões de pessoas que descriminalizou a homossexualidade em 1993 e legalizou o divórcio dois anos depois.
Como o pai, Varadkar é médico. Entrou para o parlamento aos 27 anos. Em 2015, como ministro da Saúde, ele assumiu ser gay em rádio, somando-se a um grupo de políticos assumidamente homossexuais na Irlanda em apoio ao projeto de lei de igualdade de direitos matrimoniais. A Irlanda se tornou o primeiro país a adotar o casamento gay através de um referendo popular em 2015.
Ele é normalmente comparado ao primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, e ao novo presidente francês, Emmanuel Macron. Seus eleitores esperam que essa geração de novos políticos, atingidos crise econômica global, possa transformar o cenário político do país e da Europa.