Das cinzas do nazismo, a Alemanha construiu a maior nação europeia, sem arrastar para baixo do tapete os podres do século 20 - os seus próprios podres.
Enquanto muitos países - inclusive o Brasil - desviam o olhar ao serem confrontados com seus esqueletos no armário, sucessivos governos alemães mexeram nas feridas de sua História nos últimos 50 anos. O resultado: construíram museus, memoriais de homenagem a suas vítimas, promulgaram leis que tentam evitar a repetição do Mal e defendem com afinco a liberdade de expressão e a democracia.
Mas nem esse respeito às diferenças evitou que o extremismo voltasse a germinar em seu seio: o atentado na feira de Natal, na segunda-feira, que matou 12 pessoas e deixou mais de 40 feridas, põe a Alemanha diante do difícil teste de equilibrar rigidez com tolerância e inclusão social.
O país abriu as portas para os refugiados quando todos as fecharam na Europa.
Agora, precisa combater o terrorismo com a mesma altivez com que reconstruiu sua nação - sem propostas simplistas e xenófobas como as se ouviu falar do lado de cá do Atlântico.