Depois de Ramadi, Fallujah. As tropas do governo iraquiano deram um passo decisivo na batalha para pôr para correr os extremistas do Estado Islâmico (EI) ao ingressar no centro de Fallujah, um dos principais quarteis-generais do grupo que perde, mês a mês, o controle de áreas importantes no Iraque. Nesta sexta-feira, militares de uma unidade contraterrorismo hastearam a bandeira iraquiana no principal prédio do governo local, praticamente _ e surpreendentemente – sem encontrar resistência pelo caminho.
A batalha de Fallujah não foi um passeio. Desde o final de 2013, sua população estava subjugada pelo terror do EI. Em maio, quando ZH esteve no Iraque, precisou circundar a cidade de helicóptero para chegar a Ramadi, a 70 quilômetros de Fallujah. Oficiais do governo iraquiano já planejavam a invasão, mas temiam um banho de sangue. Com a cidade sendo de maioria sunita, o exército tentou evitar ao máximo o avanço de milícias xiitas aliadas, temendo o acirramento da guerra civil entre as duas facções do Islã. Há meses, a cidade estava sem água, comida e luz, e cogitava-se lançar alimentos para população a partir de aviões. Nesta sexta-feira, ao entrar na cidade, o cenário era parecido com o de Ramadi: uma cidade de 275 mil habitantes (maior do que Ramadi) praticamente deserta. Milhares de pessoas fugiram.
A tomada de Fallujah – ainda que, a exemplo de Ramadi, seja palco de confrontos nos arredores – é simbólica. Foi ali travada a maior batalha durante a ocupação americana, a partir de 2003. Mas principalmente porque foi em Fallujah que nasceu o grupo terrorista Al-Qaeda no Iraque, à época filiado à rede Al-Qaeda de Osama bin Laden e embrião do EI. Ocupar não é suficiente. Como em Ramadi, há franco-atiradores, milhares de minas não detonadas e escaramuças em estradas. Mas, ao derrotar o EI em um de seus bastiões, o Iraque corta a logística de abastecimento dos terroristas, livra o caminho entre Bagdá e o centro do país, o chamado coração sunita, e pavimenta a rota para a batalha de Mossul, o último grande enclave do Estado Islâmico no país.