Na noite desta quinta-feira (3), mudei a pauta de todos jornais, rádios, TVs e sites de todo o Brasil quando entrei na transmissão de Inter e Vitória, que era comandada pelo narrador Marcelo De Bona, para informar que havia um movimento entre os jogadores a fim de não disputar a Copa América.
Meu informante estava na reunião — portanto, não há chance de ser errada a informação. Os jogadores brasileiros que atuam na Europa querem férias.
Imagine, meu leitor, que em 2015 teve Copa América no Chile. Muitos que estão aqui estiveram lá. Em 2016, foi o Centenário da competição, que foi levada com toda pompa para os Estados Unidos. Em 2019, o torneio foi aqui no Brasil.
Agora, querem outra competição, alegando que ficarão junto no calendário do futebol mundial com a Eurocopa. Só que a competição europeia se dá de quatro em quatro anos. No nosso caso, a Copa América está sendo realizada quatro vezes no período de seis anos — ou seja, a cada um ano e meio, em média, tem havido a disputa.
Estão vulgarizando a competição mais antiga do futebol e não deixando os jogadores terem o merecido descanso de suas férias. Ao contrário, se os jogadores estivessem preocupados com a pandemia, eles já teriam soltado o verbo em relação aos jogos das Eliminatórias da Copa do Mundo. Ou o jogo da noite desta sexta não é no Brasil? Ou a situação sanitária não é preocupante aqui no nosso Estado e na nossa cidade, com quase esgotamento do sistema hospitalar? Qual diferença?
Simples: as Eliminatórias levam a Seleção Brasileira a mais uma Copa do Mundo. E a Copa América, além de dar dinheiro para as confederações da América do Sul, dá o que para os jogadores? Jogos pelas Eliminatórias, depois de terça-feira, só ocorrem em setembro — ou seja, não há interrupção no merecido tempo de descanso dos jogadores. A Copa América termina com as férias deles.
E mais: alguém já ouviu um jogador dizendo no futebol sul-americano que não quer jogar por causa da pandemia? Se você ouviu alguma coisa, é só a exceção que confirma a regra. A Copa América é uma competição que só serve às confederações, e com muita desaprovação também do povo brasileiro.