Diego diz que não tem uma banca, tem uma miniconcessionária. Faz sentido: com pouco mais de 10 centímetros cada uma, as réplicas de automóveis se amontoam por todo canto na Banca Botafogo, situada na rua de mesmo nome no bairro Menino Deus, em Porto Alegre.
O proprietário já deixou de vender jornais, e as revistas mal aparecem em meio aos carrinhos. Quando chega uma nova miniatura, a primeira coisa é divulgar no Facebook: os colecionadores saem correndo para comprar.
– Eles vêm na hora, é um vício. Se enxergam um carrinho que ainda não têm, chegam a se tremer todos – diverte-se Diego Carlotto, 38 anos, que percebeu o entusiasmo desse público logo de cara.
Ele começou vendendo uma ou outra miniatura, há quatro anos, e aos poucos foi se tornando uma referência: hoje, vende mais de 800 itens por mês, muitos para fora do Estado. Os preços variam: carrinhos baratos custam em torno de R$ 45, enquanto o mais caro – um Jeep Station Wagon 1954, com acabamento em resina – sai por R$ 375. Custo alto nem sempre é um problema para esse consumidor.
– Se precisar, eles deixam de sair com a esposa, deixam até de comer para economizar. Tenho um cliente que chegou a desocupar um apartamento no Centro para botar os carrinhos. Outro gasta R$ 1 mil por mês só com isso – conta Diego.
E é um hobby que nunca acaba: quando um fabricante lança um carro novo, em seguida vem a miniatura. O próprio Diego nem consegue armazenar tudo dentro da banca. Na casa dele, na rua de trás, há um estoque com milhares de réplicas – ele nem sabe quantas.
– É carrinho para todo lado, uma doideira. Às vezes, até tento encarar como minha coleção particular, mas, como não sou um cara apegado, prefiro vender.
Com Rossana Ruschel