Na propaganda da prefeitura, o locutor elenca iniciativas do governo no combate à dengue e depois afirma:
– A nossa parte já estamos fazendo. Participe. Elimine água parada, não acumule lixo e mantenha limpas calhas e caixas d'água.
Mas aí você passeia pelo mais tradicional parque público da cidade, na região central de Porto Alegre, e dá de cara com um piscinão verde, tomado de limo, mais parado que olho de boneca.
O espelho d'água em frente ao Auditório Araújo Vianna, na Redenção, é tudo o que a prefeitura diz que devemos evitar: tem sujeira acumulada, água estacionada e nenhum tipo de mecanismo para movimentar aquela nojeira – no centro da Redenção, por exemplo, os chafarizes dão conta.
Em nota enviada à coluna, a Secretaria Municipal da Saúde afirma que, "apesar do vetor de Aedes se adaptar à água aparada, o quantitativo e movimento de água em espelhos d'água não tornam o lugar propício para a proliferação do mosquito". O órgão ainda ressalta que "não existe registro de fêmeas do Aedes capturadas" na Redenção.
Menos mal. Mas dois especialistas em vigilância da saúde ouvidos pela coluna – ambos pediram para não ser identificados, afinal, estão falando de colegas – disseram que "água parada é água parada": para combater a dengue, portanto, o ideal é acabar com água parada.
E, se tem alguém que deveria dar o exemplo, é quem nos pede para fazer isso.