Não são poucos os medos dos comerciantes em relação à nova zona boêmia que a prefeitura tenta emplacar.
A ideia do governo é que estabelecimentos do entorno do Largo Glênio Peres – basicamente, os do Mercado Público e os do antigo abrigo dos bondes, além do Chalé da Praça XV – espichem suas atividades até a madrugada. Com isso, seria possível receber, em uma área quase sem residências, boa parte do público que hoje perturba os moradores da Rua João Alfredo, na Cidade Baixa.
– Acho difícil que essa migração ocorra, embora eu goste da ideia. Não acho que aquele público vá se interessar pelo perfil do comércio daqui, que tem uma proposta mais diurna, com muita pastelaria e lancheria – avalia o permissionário do Chalé da Praça XV, Edenir Simonetti.
O presidente da Associação dos Comerciantes do Mercado Público, João Melo, que é dono do Gambrinus, diz que a prefeitura ainda não informou como será o reforço na segurança da região. Também não se sabe ainda, segundo ele, se a fiscalização de ambulantes será suficiente para coibir a concorrência desleal:
– Não adianta trazermos para cá os mesmos problemas que a Cidade Baixa enfrenta.
Já Lair Rempel, que preside a associação do antigo abrigo dos bondes, teme um aumento na população de rua.
– Já tem vários acampados aqui, atrás da gente. Sei que vivem uma situação difícil, mas temos problemas com eles, inclusive de furtos. Lá na Cidade Baixa tem muito morador de rua, e eles vão onde o público vai – acredita Lair.
A prefeitura, que promoveu uma primeira reunião com os comerciantes há duas semanas, garante que apresentará soluções para cada problema nos próximos encontros.