Não tem mais justificativa esse silêncio dos vereadores sobre a situação do colega Márcio Bins Ely, do PDT, denunciado por peculato pelo Ministério Público. Se eles próprios não forem capazes de defender o Código de Ética Parlamentar, sairão todos desmoralizados desse episódio.
Verdade que qualquer cidadão pode abrir um procedimento para eventual cassação de Bins Ely, mas os vereadores são pagos para fiscalizar o dinheiro público. Aliás, o Código de Ética da Câmara classifica como dever fundamental do parlamentar "denunciar publicamente as atitudes lesivas à afirmação da cidadania, do desperdício do dinheiro público, os privilégios injustificáveis e o corporativismo".
Bins Ely, conforme mostrou a reportagem de Carlos Rollsing, do Grupo de Investigação (GDI) da RBS, mantinha em seu gabinete uma funcionária que faltava ao expediente na Câmara para atuar no Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci) – entidade presidida pelo próprio Bins Ely.
Não há dúvida sobre a quebra de decoro parlamentar. Está lá no Código de Ética: é falta grave "utilizar infraestrutura, recursos, funcionários ou serviços administrativos de qualquer natureza, da Câmara ou do Executivo, para benefício próprio ou outros fins privados".
Prezados vereadores, por favor, mexam-se.