A prefeitura de Porto Alegre deixará de arrecadar R$ 45 mil para financiar uma equipe de rali chamada Trancos e Barrancos – que usará o dinheiro para participar de provas em Guaíba, Canela, São Francisco de Paula, Curitiba e Goiânia. Nem a secretária de Desenvolvimento Social e Esporte, Maria de Fátima Paludo, que autorizou a liberação da verba no Diário Oficial de segunda-feira (14), concorda com o que fez.
– Particularmente, acho isso um absurdo – diz Maria de Fátima.
Vamos por partes. O incentivo à equipe de rali foi aprovado por meio do Proesporte, uma lei municipal que determina o seguinte: empresas e pessoas interessadas em patrocinar eventos esportivos podem abater 70% do investimento nos tributos de IPTU e de ISSQN. No caso da Trancos e Barrancos, foram apresentados dois projetos – um de R$ 26 mil e outro de R$ 38,1 mil – para bancar as despesas do grupo. Setenta por cento dessa soma dá R$ 44.870, valor do qual a prefeitura vai abrir mão.
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– O Proesporte deveria funcionar como instrumento de inclusão social. Financiar um evento de rali, definitivamente, não é inclusão social – avalia a secretária Maria de Fátima, afirmando não ter "poder para rejeitar esses projetos" porque, conforme a lei, é o Conselho Municipal do Desporto que aprova ou desaprova as propostas.
Presidente do conselho, o jornalista Paulo Eduardo Barbosa Santos segue um raciocínio parecido:
– De fato, não é uma iniciativa social, mas, se o projeto atende às prerrogativas da lei, não temos como barrar;
Fica difícil ignorar as contradições: um governo que, além de parcelar salários, suspendeu verbas para Parada Livre, Carnaval, Feira do Livro, Acampamento Farroupilha, Nossa Senhora dos Navegantes e Via Sacra do Morro da Cruz – sem falar nos cortes em outras áreas –, não poderia abrir mão de recursos para isso.
Maria de Fátima promete falar com o prefeito Marchezan para "repensar o Proesporte".