Coordenador nacional do Movimento Brasil Livre (MBL), o empresário Renan Santos, 33 anos, veio de São Paulo a Porto Alegre duas vezes nas últimas três semanas. Teve trânsito livre no gabinete do prefeito.
– O Marchezan é meu amigo – disse ele à coluna, para depois se derreter: – Vocês têm uma joia rara aí, o cara é foda. O padrão ético, as reformas que pretende fazer... Boto a mão no fogo por ele.
Assessores da prefeitura dizem que Renan, de três meses para cá, tem exercido forte influência na estratégia de redes sociais do prefeito. No Facebook, a página de Marchezan ganhou dezenas de milhares de seguidores desde que radicalizou nos posts dedicados a fustigar a esquerda, atacar sindicatos e espinafrar o PT.
"Se você pertence a certos partidos vermelhos, está proibido formar quadrilha", dizia o final de uma publicação sobre festas juninas. No MBL, foi justamente essa linha de comunicação que rendeu notoriedade ao movimento: para crescer, é preciso ter um inimigo. Cria-se, assim, um ambiente de cumplicidade com quem também odeia esse inimigo.
– O cara pode gostar do MBL não porque apoia as nossas posições, mas porque adora nos ver atacando quem ele detesta – diz um membro do grupo.
Na gestão de Marchezan, a força do MBL vai muito além do virtual: o secretário de Serviços Urbanos, Ramiro Rosário – que é vereador eleito – e sua chefe de gabinete, Paula Cassol, são dois dos maiores líderes do movimento no Estado. Renan Santos, o coordenador nacional que virou amigo do prefeito, diz não exercer tanta influência assim, mas reconhece:
– Dei dicas de como ele poderia aparecer mais, de como ser mais próximo das pessoas. Acho que o Marchezan melhorou, está se soltando na internet aos poucos.
No semana passada, o prefeito publicou no Facebook uma entrevista em vídeo que concedeu em seu gabinete ao youtuber Arthur do Val, expoente do MBL detido pela Guarda Municipal durante uma briga com servidores que protestavam em frente à prefeitura. Marchezan defendeu Arthur e criticou "aquele discurso demagógico e babaca de sindicatos e partidos vermelhos que quebraram o Brasil e outros lugares do mundo". A cara do MBL.
– Ele pode ser presidente da República um dia – acredita Renan Santos. – Para mim, hoje, ele é o cara.