– Não importa quem é o dono do buraco. Buraco tem que ser tapado.
A enfática declaração do prefeito Nelson Marchezan, no dia 10 de janeiro, prometia combater um atraso histórico em Porto Alegre: o empurra-empurra entre órgãos do município sobre a responsabilidade por cada problema. Após dois meses de governo, não dá para dizer que a orientação vingou.
Em um breve giro aqui perto da Zero, eu e o fotógrafo Ronaldo Bernardi encontramos na quarta-feira duas crateras de respeito. Uma delas, na Ipiranga com a Delegado Grant, bocejava tranquila no meio do asfalto – resolvi entrar para conhecê-la, e ela me engoliu até os joelhos (foto abaixo). Moradores do entorno disseram que o buraco cresce há mais de mês.
Já na Erico Verissimo com a Marcílio Dias, a tampa de um bueiro se soltou no fim de semana – cinco dias se passaram, e nada da tampa nova. Se o buraco abocanha uma roda de carro, o resultado só não seria pior do que uma pessoa inteira despencar ali dentro.
Para ter uma ideia da profundidade, precisei de uma escada. Desci bueiro abaixo e fiquei só com a cabeça para fora – não fui mais fundo porque tenho medo de ratos, e a paixão pelo jornalismo tem lá seus limites.
Chamava a atenção que, em volta dos dois buracos, havia cavaletes da EPTC. Quer dizer, pelo menos um órgão já está ciente do perigo. E, segundo Marchezan, "não importa quem é o dono do buraco; buraco tem que ser tapado".