Decidida a impedir a qualquer custo o fechamento da Escola Estadual Maria Thereza da Silveira – uma brizoleta apontada como um dos melhores colégios públicos da Capital –, a bancada de vereadores do PSOL vai protocolar nesta sexta-feira um projeto de lei pedindo o tombamento do local.
O governo do Estado já admite a extinção da escola em 2018. Tudo porque o IPE, dono do terreno, exige um aluguel de inacreditáveis R$ 98 mil por mês, já que a Maria Thereza da Silveira situa-se na região mais nobre da cidade, no limite entre os bairros Bela Vista e Mont'Serrat. Boa parte dos 164 alunos são filhos de porteiros, domésticas, zeladores e outros trabalhadores da região que moram na Vila Bom Jesus.
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O estranho é que, em 2004, o governo do Estado já havia fechado um acordo com o IPE para manter a escola onde está – em troca, o IPE receberia outro terreno de mesmo valor. O tal terreno jamais foi entregue, mas o que impediria que essa transação fosse feita agora? Se todos os envolvidos, IPE e Secretaria da Educação, fazem parte da administração estadual, a impressão é de que a prioridade, para a administração estadual, não é a educação.
Fundada em 1956, a Maria Thereza tem ar-condicionado em todas as salas e índice de repetência bem abaixo da média. A Prova Brasil mostrou que 86% dos alunos do 5º ano têm aprendizado adequado em português – no Estado, o percentual não passa de 50%.
– Parece que pobre não pode estudar em escola de qualidade – diz o deputado estadual Pedro Ruas (PSOL), que, ao liderar um movimento para manter o colégio aberto, convocou os vereadores de seu partido, Alex Fraga, Fernanda Melchionna e Roberto Robaina, para pedirem o tombamento da Maria Thereza.
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