Vinte dias é o prazo que a prefeitura, nos bastidores, prevê para o sistema de transporte coletivo colapsar. Parar mesmo, acabar. Não haveria mais ônibus circulando.
A única esperança, segundo técnicos da EPTC e o próprio prefeito Marchezan, seria o governo federal se sensibilizar: dezenas de milhões de reais precisariam ser injetados em um sistema que, se antes já caminhava para a falência, agora é uma bomba-relógio a um passo de explodir.
Se nada mudar, segundo a Associação dos Transportadores de Passageiros (ATP), não haverá como pagar a folha do próximo dia 5. Não haverá sequer como comprar diesel. Alguém dirá que as empresas estão blefando, mas não é o que mostram os números.
Com uma queda de quase 80% no número de passageiros, o sistema que custa R$ 52 milhões por mês está arrecadando só R$ 21 milhões. A folha de pagamento, para se ter uma ideia, custa R$ 26 milhões.
O mais preocupante é que, neste momento, os poucos que andam de ônibus são justamente os que fazem a sociedade andar: trabalhadores da saúde, funcionários de supermercados, atendentes de farmácia, coletores de lixo, seguranças, porteiros, guardas municipais.
Se esse pessoal para, não é só o transporte coletivo que colapsa. É a cidade toda.
Mas, como Porto Alegre, claro, não é a única à beira da convulsão, espera-se que a União estenda a mão logo – os apelos do secretário municipal de Mobilidade Urbana, Rodrigo Tortoriello, são quase diários. Ou é isso, ou o município terá de tomar medidas emergenciais que, até agora, nem na prefeitura se sabe quais são.