É reconfortante que as obras de duplicação da BR-386, uma das rodovias federais mais importantes do Rio Grande do Sul, passem por um momento de retomada da velocidade esperada. A estrada é, notoriamente, uma das mais movimentadas do Estado. Também se inscreve historicamente entre as mais perigosas em seus trechos de pista simples.
Quando todos os 225 quilômetros de duplicação forem finalizados pela concessionária CCR, será uma via mais segura para motoristas e demais usuários. Da mesma forma, contribuirá para a melhora da logística do Estado e o desenvolvimento das comunidades cortadas pela estrada, desde a Região Metropolitana até o norte gaúcho, zonas de diversificadas atividades industriais e variada produção primária, dos grãos à proteína animal.
Trabalhos de ampliação de capacidade da BR-386 passaram por um duro revés com a enchente de maio do ano passado
Mas os trabalhos de ampliação de capacidade da BR-386 passaram por um duro revés com a enchente de maio do ano passado, além de outros dissabores próprios de projetos de engenharia do gênero, como os licenciamentos e percalços com empresas contratadas para executar os trabalhos. A força destruidora da água levou rios e córregos ao transbordamento, acarretou danos estruturais e fez com que serviços finalizados precisassem ser refeitos, com impacto nos cronogramas.
Mas é animador que o ritmo de construção tenha sido recobrado, com cerca de 2 mil trabalhadores no trecho, como constatou reportagem publicada na edição desta terça-feira (25) de Zero Hora, resultado da observação do panorama em 372 quilômetros da rodovia – sendo 266 geridos pela CCR e outros 106 quilômetros ainda sob responsabilidade do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Novas extensões duplicadas serão liberadas ainda neste primeiro semestre, ajudando o fluxo de veículos e encerrando o período de contratempos próprios de estradas com homens e máquinas na pista.
Não é à toa que a BR-386 seja conhecida como Rodovia da Produção. Mas também não foi por acaso que passou a ter a alcunha de Estrada da Morte. A combinação de volumoso tráfego de veículos pesados, trechos com curvas perigosas e conservação deficiente fez com que a estrada angariasse a má fama de perigosa pelo grande número de acidentes. São razões que reforçam a expectativa para que a duplicação de todo o percurso previsto não se demore muito além do cronograma original, que previa a finalização dos trabalhos pela concessionária nos trechos ao norte em 2030 e, depois, até 2036, melhorias e ampliação da capacidade entre Tabaí e Canoas.
As BRs 386, 290 e 116 são três das mais importantes estradas federais do Rio Grande do Sul. Todas passam por duplicação. A 386 é pedagiada, enquanto 290 e 116 são ampliadas com recursos públicos e têm as obras bastante atrasadas. Quando forem entregues com pista dupla, significarão um salto de qualidade na eficiência logística do modal no Estado, com ganho de produtividade e redução de custos. Hoje são saturadas e inseguras. Convém à sociedade gaúcha acompanhar as obras e cobrar dos responsáveis os compromissos assumidos de finalizá-las nos próximos anos.