Fiquei na dúvida: rolou ou não rolou propina? Tudo indica que...
Diz a revista Veja que a Odebrecht teria remunerado por duas décadas as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) em troca de conseguir a garantia de segurança em territórios dominados pelos guerrilheiros e, assim, realizar suas obras, entre as quais se encontra a Ruta del Sol, rodovia que liga o centro da Colômbia a cidades do Caribe. Só que aí veio um comunicado da própria construtora, a maior do Brasil e envolvida em suposta corrupção América Latina afora: "A Odebrecht desmente e confirma que a afirmação de reportagem da revista Veja, segundo a qual a empresa haveria realizado pagamentos a um grupo guerrilheiro colombiano é uma especulação".
Opa, especulação?! O desmentido deixa o colunista bem encasquetado.
Se é especulação, tem chance de ser verdade...
As entregas de dinheiro teriam começado nos anos 1990 e oscilavam entre US$ 50 mil e US$ 100 mil dólares (R$ 155 mil e R$ 311 mil) ao mês.
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As fontes citadas pela revista fazem referência a confissões de dois ex-executivos da construtora à Procuradoria-Geral da República e a “três advogados que conhecem as operações internacionais da empresa”.
A empresa chama o pagamento de custo operacional.
A guerrilha chama o pagamento de imposto.
Não chega a ser uma novidade. No ano passado, a Justiça colombiana tinha processos abertos contra 57 empresas por pagamentos com essas características, que agora seriam de competência do Tribunal Especial para a Paz – as Farc estão concluindo um acordo de paz com o governo colombiano.
A contribuição teria começado quando guerrilheiros das Farc sequestraram dois diretores da Odebrecht nos anos 1990. A empresa então decidiu recorrer à entrega de dinheiro em troca da “permissão” para operar tranquila.