Léo Gerchmann
Capão da Canoa é a praia das minhas mais felizes lembranças infantojuvenis, uma madeleine proustiana feita de areia e mar, com sabor de pastel de queijo, abacaxi doce e puxa-puxa de leite e amendoim, algo que não é sentimento exclusivo deste que vos escreve. Sou uma Velhinha de Taubaté do litoral norte gaúcho. Quando amigos se bandeavam para Bombinhas, nos anos 1980, eu teimava que nada se compara a ter casa na praia a apenas 130 quilômetros de Porto Alegre, ainda mais num lugar com tantos apelos afetivos. Quando vingou a febre dos condomínios afastados, eu, com todo o respeito aos que fizeram essa opção para ver os filhos livres em suas bicicletas, insistia: se quisesse isso, iria para um sítio aqui em Eldorado. Curto demais o apê de frente para o mar, atravessar a rua em um minuto para ir à praia, acordar e dormir olhando o oceano infinito, comprar o pãozinho fresco na padaria da infância e outros prazeres que remontam a dias remotos e saborosos como o primeiro beijo.