Deputado federal e um dos três presidentes da recentemente reunificada Confederação Geral do Trabalho (CGT), Héctor Daer* (Partido Justicialista) explica por que os argentinos devem fazer uma grande paralização nacional. A decisão sobre a greve de 24 horas será tomada na próxima quinta-feira. Na última terça, os sindicatos fizeram uma grande manifestação. O governo argentino passa por um momento difícil, de séria crise econômica, impopularidade do presidente Mauricio Macri e diversas acusações de corrupção envolvendo autoridades desta administração e da anterior, comandada por Cristina Kirchner, adversária e desafeta de Macri. A tendência é de que a paralisação seja marcada para entre 4 e 6 de abril.
É importante que se diga: na história argentina, sempre que os sindicatos se voltaram contra o governo em manifestações críticas a medidas tidas como negativas aos trabalhadores, o presidente de turno se viu em maus lençóis. Raúl Alfonsín e Fernando de la Rúa (ambos da UCR) chegaram a abreviar mandatos.
*Obs: a CGT é comandada de forma tripartite por Héctor Daer, Juan Carlos Schmid e Carlos Acuña.
O que diz Daer:
Quando será definida a greve?
Na próxima quinta-feira, o conselho diretivo (da CGT) vai se reunir e definiremos se haverá uma medida de força e em que data ela ocorrerá.
O que seria necessário para não haver greve?
O governo teria que anunciar uma mudança forte na sua política de aperto por uma política de desenvolvimento, defendendo a nossa indústria, deixando de transferir aos que mais têm e os que mais ganham. Também teria de reduzir os juros, porque as altas taxas servem apenas para a banca financeira. As bases da atual política financeira são determinadas em detrimento dos interesses mais vulneráveis. O modelo deveria contemplar a todos.
Existe essa possibilidade?
Tentamos o diálogo, mas se combinaram as demissões e os aumentos de preços com uma inação do governo. Essa acumulação de fatores nos leva a uma posição mais firme.
Como o senhor vê as manifestações da última terça-feira? É a volta da CGT unificada?
Foi uma das maiores e mais importantes manifestações dos últimos 30 anos.