Opa! O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), o uruguaio Luis Almagro, ex-chanceler do presidente Pepe Mujica, afirmou nesta quarta-feira que as autoridades de Cuba lhe negaram um visto para visita na qual receberia um prêmio de organização dissidente.
"Meu pedido de visto para o passaporte oficial da OEA foi negado pelo Consulado de Cuba em Washington", disse Almagro em carta à organizadora da premiação, Rosa María Payá, filha do dissidente Oswaldo Payá, morto em 2012.
É uma tremenda demonstração de truculência e falta de independência intelectual para entender o papel de cada um no tabuleiro político e diplomático.
Veja bem: Almagro tem se mostrado um homem desprendido de amarras políticas e, especialmente, ideológicas. É detestado pelos governistas na Venezuela, porque sempre criticou acidamente o regime bolivariano, defendendo a realização de um referendo revogatório que não dá margem a qualquer dúvida quanto a sua legitimidade. Por outro lado... é odiado pelos atuais detentores do poder no Brasil, porque apoiou a ex-presidente Dilma Rousseff e definiu o processo de impeachment como ilegítimo.
Enfim, um homem independente, que pesa suas ações pelo que considera correto. Um homem que foi ministro e é amigo e aliado de Mujica!
Cuba poderia ter dado um sinal importante de abertura e aceitação do bom debate. Pena. Falhou muito feio e bem no momento em que está reatando as relações com os Estados Unidos e voltando a integrar a própria OEA.
Justificativa cubana
De qualquer forma, surgiu uma justificativa horas depois.
Cuba justificou sua decisão de negar a entrada na ilha da ex-ministra chilena Mariana Aylwin, filha do já falecido e ex-presidente Patricio Aylwin, por considerar uma "grave provocação internacional" o evento do qual ela participaria participaria com Almagro, explicou um comunicado da embaixada cubana em Santiago. A explicação deve servir para todos os casos.
"Uma grave provocação internacional contra o governo cubado foi orquestrada por um grupo ilegal anticubano que atua contra a ordem institucional (...). Entre os envolvidos está a ex-ministra e ex-parlamentar Mariana Aylwin", informa o comunicado da embaixada cubana.
Além de Almagro e Mariana Aylvin, o ex-presidente mexicano Felipe Calderón também foi impedido de entrar na ilha. Participaria da mesma cerimônia.