A sobrevivência emocional no rigoroso, especialmente escuro, inverno londrino passa por não se deixar abater e correr para a rua. Uma intensa programação ao ar livre cresce cada vez mais na cidade, mesmo com temperaturas congelantes.
A moda são as exposições de luzes, ou de arte luminosa, e a estrela do calendário fica na antiga área de docas.
Canary Wharf, o mais moderno centro financeiro de Londres, está redecorado com luzes. A região abriga alguns dos prédios mais caros e altos da cidade, e é palco do Winter Lights ("Luzes de Inverno"), um festival de arte em que a curadoria une trabalhos extremamente diferentes com apenas um ponto em comum: ser iluminado.
São 30 artistas, com destaque para as instalações interativas vindas da Dinamarca e da Bélgica. A mais imponente é OVO, criada por um coletivo de artistas belgas e que coloca o visitante numa espécie de casulo, com iluminação e som. A exposição ainda inclui projeções de luzes em um chafariz no centro de um lago artificial.
Junte tudo isso com os modernos espigões de vidro de Canary Wharf e o cenário está completo para a experiência visual. Mas há um detalhe. É inverno, portanto, roupas adequadas são parte fundamental. A entrada é franca, até o fim de janeiro.
Xô, escuridão!
Outro evento no mesmo estilo luminoso é o Magical Lantern Festival ("Festival das Lanternas Mágicas"). A proposta aqui é um caminho único, uma trilha, em que o visitante segue para observar estruturas de tamanhos variados junto a lanternas, das modernas até as tradicionais. É preciso comprar ingresso, pois o Festival das Lanternas tem sede num parque privado em Chiswick. O evento integra as comemorações do Ano Novo Chinês e, nesta segunda edição, tem como tema a Rota da Seda – o caminho de comércio da seda entre o Oriente e a Europa. Em cartaz em Londres até final de fevereiro.
Xô, escuridão! (2)
O festival que deu origem a este modismo é realizado em Kew Gardens, só na época de Natal. O Jardim Botânico da cidade recebe 60 mil luzes em um caminho de mais de 1,5 quilômetro.
Design em novo endereço
O novo Museu do Design de Londres é a atração cultural mais incensada do momento. Inaugurado no fim do ano passado, trocou o endereço à beira do Tâmisa (local que foi adquirido por Zaha Hadid anos antes de morrer) e assumiu a antiga sede modernista do Commonwealth em Kensington.
O prédio, que fica dentro do Holland Park, foi reformado pelo arquiteto John Pawson e agora conta com o triplo de espaço da sede anterior, além de instalações, como auditório, restaurante e café, mais amplas e, claro, duas lojinhas tentadoras com objetos de design e livros da área.
A direção do museu planeja montar o maior acervo de design do mundo. Parte do atual já está exposta, exibindo a evolução do design em mostra permanente. Outras duas exposições (temporárias) marcam a abertura: Fear and Love (“Amor e Medo”) e a Beazley Designs of the Year – uma seleção dos melhores projetos de Design em 2016.
Nesta última, há a participação do publicitário brasileiro Denis Kakazu, da Mullen Lowe. Foram selecionados os cartazes criados por ele para a instituição social Samaritans.
Brasil é ouro
O arquiteto brasileiro Paulo Mendes da Rocha recebe em Londres, na quarta-feira, a medalha de ouro do Riba, o Real Instituto Britânico de Arquitetura. Esta é uma das premiações mais importantes da área e a aprovação do vencedor é feita diretamente pela rainha Elizabeth II. Paulo Mendes da Rocha, reconhecido por obras no estilo brutalista, fará também uma palestra na cidade. Os ingressos já estão esgotados. Assim como Oscar Niemeyer, Mendes da Rocha já recebeu o Pritzker, equiparado a um “Nobel da Arquitetura”.