Desde que Mauricio Macri assumiu a presidência da Argentina, há um ano, as políticas pró-mercado tiveram efeito em apenas um setor da economia: na agropecuária. Enquanto a produção industrial segue estagnada e o desemprego continua alto, o agronegócio tem sido o motor da reviravolta econômica argentina. Após uma década sufocados pelo controle de preços internos e altos impostos, os produtores se preparam agora para uma safra histórica de grãos. Com a diminuição das retenções dos principais produtos agrícolas, a Argentina vê renascer o setor primário – voltando a ser um dos grandes concorrentes do Brasil na agricultura.
– A diferença dos números de um ano para o outro é gritante – destaca Carlos Cogo, consultor em agronegócios.
Em 2017, a agricultura poderá fazer o PIB argentino crescer 3,5%, avanço significativo diante do recuo de 2,5% da economia neste ano, previsto pela consultoria Orlando J Ferreres & Associates em Buenos Aires.
Na quarta-feira, completará exatos 12 meses do fim da cobrança da taxa de exportação do trigo, milho e carnes e da redução do imposto da soja de 35% para 30%. Com a eliminação de impostos e controle de preços internos, a agropecuária assumiu papel de protagonista na tentativa da Argentina de se reposicionar no mercado internacional.
Para os concorrentes, como o Brasil, essa reviravolta foi sentida. A começar pelo trigo. Boa parte dos problemas enfrentados pelos produtores gaúchos e paranaenses para comercializar o cereal vem do aumento da safra argentina – que ajudou a elevar os estoques mundiais do produto. Para disputar com o trigo brasileiro, os hermanos chegaram a baixar o preço do produto recentemente.
– Os argentinos voltarão a ser grandes exportadores de grão e carnes, e certamente irão disputar os mesmos mercados com os brasileiros – completa Cogo.
Em um campo em que conhecem bem, os hermanos já provaram que não entram para brincar e que usarão todas as armas do jogo.