Esta notícia é muito importante e se soma a atitude semelhante tomada pelo Vaticano: a Casa Branca anunciou a liberação de mais de 500 documentos de inteligência relativos à repressão política na Argentina durante as décadas de 1970 e 1980, incluindo planos elaborados para a Operação Condor. Nesse ponto, aliás, deve haver diversas informações sobre os anos de chumbo no Brasil (a ditadura brasileira se estendeu entre 1964 e 1985).
O passo representa "um esforço histórico do governo dos Estados Unidos no sentido de buscar, identificar, revisar e proporcionar documentos que joguem luz sobre os abusos aos direitos humanos na Argentina entre 1975 e 1984", expressou a Casa Branca em nota. A ditadura argentina foi de 1976 a 1983, mas a violência repressiva já havia se iniciado por volta de 1973, com a "triple A".
Entre os documentos liberados, há um relatório da CIA sobre planos do governo argentino (como parte da Operação Condor) de enviar agentes a Paris e Londres para "liquidar líderes terroristas" e até ativistas ligados à organização de direitos humanos Anistia Internacional. "A missão básica das equipes Condor que seriam enviadas ao exterior era liquidar líderes terroristas de alto nível", mas "não terroristas, aparentemente, também eram candidatos a assassinato".
Entre os documentos, há um no qual a CIA revela que "seis nações" sul-americanas que participavam da Operação Condor concordaram com a "execução de latino-americanos que viviam na França". São Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai, Bolívia e Chile. O pacote inclui ainda um documento do Conselho de Segurança Nacional, de agosto de 1978, que relata torturas contra o dirigente socialista Alfredo Bravo, líder sindical e então presidente da Assembleia Permanente para os Direitos Humanos na Argentina.
Quando visitou Buenos Aires, em março, o presidente americano, Barack Obama, comprometeu-se publicamente em ampliar a liberação de documentos sobre a repressão política na Argentina. Em agosto, o secretário americano de Estado, John Kerry, entregou mil documentos ao governo argentino. Agora, a abertura de documentos e informações se amplia ainda mais.