O número dois do chavismo, Diosdado Cabello, descartou a realização de eleições gerais na Venezuela no primeiro trimestre de 2017, como um possível acordo do diálogo entre o governo e a oposição. Só que aí está o grande problema: sem a realização do referendo revogatório, instrumento legítimo e político previsto constitucionalmente, a única alternativa é a eleição antecipada.
- Tomara que (o diálogo) tenha sucesso, mas eu não vejo muito futuro, sobretudo quando esta gente (oposição) diz que sua exigência é que deve haver eleições gerais do primeiro trimestre do ano de 2017. Aqui não vai haver eleições gerais - disse Cabello, em entrevista no canal privado Televen.
É como esta coluna tem dito: o acordo é praticamente impossível.
Líderes da opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) asseguram ter apresentado a possibilidade de eleições antecipadas nas negociações com o governo iniciadas em 30 de outubro, com o apoio do Vaticano e da União das Nações Sul-Americanas (Unasul). Cabello disse desconhecer no que se baseia a oposição para falar de antecipação das eleições gerais.
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- Isso não foi apresentado, nem nós temos a mínima disposição de violar a Constituição desta maneira - declarou.
O líder chavista reiterou que o Poder Eleitoral definiu um cronograma que estabelece eleições de governadores, no final do primeiro semestre de 2017, e de prefeitos no final do mesmo ano.
- Isso é o que está apresentado na mesa. Nenhuma outra eleição no caminho até agora. Nada que esteja fora da Constituição nós vamos aceitar - reiterou.
Obs: o governo adiou as eleições regionais, mantendo artificialmente a maioria dos governadores - as pesquisas mostram que a oposição passará a ter a maioria. Também suspendeu a coleta de assinaturas para o referendo revogatório.
Governo e oposição voltarão a conversar na próxima sexta-feira para avançar nos temas definidos no início da negociação. Contudo, líderes da MUD declararam esta data como prazo para ver ações.
O deputado e coordenador do partido opositor Vontade Popular, Freddy Guevara, reiterou que " se não houver resultado em 11 de novembro" será retomado um julgamento de responsabilidade política contra Maduro e uma marcha ao palácio do governo, que a MUD havia suspenso como gesto.