Mais de 500 milhões de pessoas, a metade da população do continente americano, correm o risco de contrair dengue, chikungunya ou zika, vírus transmitidos pelo mosquito Aedes, afirmou a Organização Pan-americana da Saúde (Opas) em Havana. São "mais de 500 milhões de pessoas que residem em zonas de risco neste continente", disse o diretor do Programa de Emergências em Saúde da Opas, Sylvain Aldigheiri, que deu uma conferência sobre a situação das doenças arbovirais (dengue, chikungunya, febre amarela e zika) nas Américas. O especialista destacou que o vírus zika, detectado na região em maio de 2015 e declarado em fevereiro passado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) "emergência sanitária global", propagou-se para "47 países e territórios".
Conforme a Opas, até o fim de agosto passado foram reportados cerca de 600 mil casos de zika, 116 mil deles confirmados.
O zika é transmitido principalmente pela picada de mosquitos do gênero Aedes (aegypti e albopictus), embora o contágio também possa ocorrer por contato sexual, e está associado a malformações congênitas em fetos, como a microcefalia, e a transtornos neurológicos, como a síndrome de Guillain-Barré.
A chikungunya, que foi detectada na região em dezembro de 2013, propagou-se "em dois anos para todos os territórios que haviam reportado dengue", explicou Aldigheiri, após ressaltar que também foram registrados "mais de 1,3 mil casos confirmados de febre amarela em zonas selváticas" do continente.
Entre 2000 e 2014, foram reportados 14,2 milhões de casos de dengue na região, a arbovirose de maior prevalência na região, com 7 mil mortes, segundo a Opas.
Aldigheiri se pronunciou em reunião convocada pela Opas e pelo Ministério da Saúde de Cuba para reunir forças no combate contra esse tipo de doenças.
A reunião permitirá "definir roteiros que iniciem a implementação da estratégia regional para a prevenção e o controle das arboviroses", disse a diretora da Opas, Carissa Etienne, que vê a situação epidemiológica da região como "extremamente complexa", devido aos altos níveis de infestação do mosquito transmissor, e constitui "um desafio que se deve abordar de forma integrada".