O Festival Brazil Day em Londres fugiu do óbvio na seleção musical na edição deste ano. No fim de semana passado, na Trafalgar Square, abaixo de muita chuva, apresentou Metá Metá, Tulipa Ruiz, além de sons de forte expressão regional, como o carimbó com Lia Sophia. Uma seleção muito além do samba com que os gringos estão acostumados.
Três dias depois da abertura da Paraolimpíada, após a bem-sucedida realização dos Jogos no Rio e em comemoração ao melhor desempenho da Grã-Bretanha em Olimpíadas em um século, a festa ainda celebrou, de acordo com o embaixador brasileiro em Londres, a boa imagem que o Brasil exibiu ao mundo. Empolgado, Eduardo dos Santos contou à coluna que recebeu inúmeras manifestações de autoridades inglesas e colegas do corpo diplomático:
– Sem dúvida, demos uma demonstração de inovação e modernidade nas cerimônias de abertura e encerramento, mostrando espetáculos bem organizados e impactantes.
No camarote para convidados, montado com quitutes de releituras de pratos com ingredientes brasileiros, como chuchu, goiabada, queijo coalho e farofa, também esteve o medalhista olímpico Felipe Wu.
Sem fórmula mágica
Ainda sobre o sucesso inglês nos Jogos do Rio, o chefe da delegação olímpica, Bill Sweeney, é muito questionado sobre a receita para conseguir tantas medalhas. No Brazil Day, do qual participou, não foi diferente. Perguntei o que teriam feito, além dos investimentos financeiros nesta década.
– Nos últimos dois anos, somente eu estive oito vezes no Brasil. Minha equipe esteve mais outras 10 vezes – revelou.
O planejamento sem falhas do Rio servirá de modelo para a China. A equipe já tem viagem marcada para este ano.
Troca de caciques artísticos
Primeiro foi a renúncia de Martin Roth, diretor do Victoria and Albert Museum, um dos museus de maior acervo de Londres. A motivação, de acordo com rumores que correram rápido, seria a decepção de Roth, alemão, com a vitória do Brexit.
Há pouco, mais duas mudanças na área cultural. Nicholas Serota, diretor da Tate Modern, também deixou o cargo. Depois de 28 anos, assume o conselho de cultura nacional. Já o diretor de ópera da Royal Opera House, o dinamarquês Kasper Holten, arruma as malas no fim do ano e volta para casa. Este é o único caso em que já se conhece o sucessor, o jovem Oliver Mears, 37 anos, atualmente na Ópera da Irlanda do Norte.
No caso da Tate Modern, todas as apostas estão entre candidatas femininas, principalmente Julia Peyton-Jones, ex-diretora da Serpentine Gallery.
Carimbó e Yoko Ono
A artista franco-brasileira Lia Sophia fez sucesso em sua rápida passagem londrina, nos dias 10 e 11. Veio participar do Brazil Day, mas também fez um show privado para convidados no Chelsea Arts Club. A casa, no coração do bairro, é um dos exclusivos clubes fechados para sócios na capital inglesa. Não aceita mais membros e é apenas frequentada por artistas e seletos convidados, que são orientados a não fotografar.
Na tarde anterior ao show, Lia fazia a passagem de som quando uma senhora gostou do ritmo que ouvia e se aproximou para uma conversa.
– Era a Yoko Ono!!! – revelou uma encantada Lia Sophia, mais tarde, a amigos.
A cantora levantou a galera. Turma essa nem tão jovem, sempre mais formal, mesmo em se tratando de um ambiente artístico – lembre-se, são ingleses. Mas a musa do carimbó mostrou que tem carisma. Ela ganhou o público e um convite para um prestigiado festival de música no Leste Europeu.