Esta marcada a data para uma nova vida das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc): 27 de maio do ano que vem.
A guerrilha anunciou, durante conferência que realiza nos Llanos del Yarí, em San Vicente del Caguan, que deve se lançar como partido nesse dia. Assim, pretende participar das eleições legislativas e presidenciais de 2018.
Até maio, cumprindo acordo com o governo colombiano, a guerrilha terá terminado as três fases da entrega de suas armas. A data escolhida deve-se ao fato de que foi em 27 de maio de 1964 que o grupo foi fundado com esse nome.
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A conferência das Farc, que deve ratificar o acordo de paz alcançado com o governo para terminar mais de meio século de violência fratricida, vai "de vento em popa", disse o chefe negociador da guerrilha.
- Tudo vai de vento em popa - assegura Iván Márquez, que liderou a delegação da guerrilha nos diálogos de paz com o governo de Juan Manuel Santos, desenvolvidos em Cuba desde 2012.
Membros das Farc que chegaram de toda Colômbia ao Caguán, seu tradicional reduto no sudeste do país, são convocados a se pronunciar sobre o acordo para acabar com um conflito que deixou 8 milhões de vítimas, incluindo 260 mil mortos em enfrentamentos entre guerrilhas, paramilitares e agentes do Estado.
- Estamos sentindo apoio muito forte a todo o trabalho que realizamos em Havana. É apoio total, o qual alcançamos na mesa de negociações - diz Márquez, visivelmente satisfeito pelo desenvolvimento da cúpula.
A Décima Conferência Nacional Guerrilheira reúne a portas fechadas 29 membros do Estado-Maior Central das Farc, liderados por seu líder máximo Timoleón Jiménez, 'Timochenko', e cerca de 200 delegados das distintas estruturas rebeldes.
"As Farc estão com a paz, as Farc estão pensando em se tornar um movimento político legal. Estamos caminhando neste rumo. E até agora o que escutamos é de total apoio ao que acordamos, ao conteúdo final - enfatiza Márquez.
As Farc, nascidas de uma insurreição camponesa em 1964, contam com cerca de 7 mil combatentes, segundo estimativas oficiais. Já tiveram quase 20 mil.
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A conferência analisa "30 teses" redigidas para explicar a às bases guerrilheiras os temas negociados. O pacto de Havana inclui, em 297 páginas, pautas para o desenvolvimento agrário, soluções para o problema das drogas ilícitas e a participação política dos guerrilheiros, assim como seu desarmamento e a reinserção social, o sistema especial de justiça ao qual poderão recorrer e seu compromisso com a reparação às vítimas. O acordo, que Márquez destacou como "um referente para a solução de conflitos no mundo", será assinado em 26 de setembro por Santos e Timochenko em uma grande cerimônia com a presença de líderes internacionais.
Para entrar em vigor, o pacto ainda deve ser aprovado pelos colombianos em um plebiscito convocado para o dia 2 de outubro.
A conferência, pela primeira vez realizada com o aval das autoridades e aberta à imprensa, também marca o início da transição das Farc à política partidária.
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O clima é de distensão. Veja bem...
Aos 26 anos e com a metade de sua vida nas Farc, Esteban, que encantou com seu rap na conferência da guerrilha deste fim de semana, sabe bem o que quer fazer quando a paz for assinada na Colômbia: "cantar".
Hoje cantei "de coração" pela paz, disse à agência de notícias AFP esse integrante das Farc depois de se apresentar no sábado à noite no palco da Décima Conferência Nacional Guerrilheira.
- Estou muito feliz de saber que finalmente vamos descansar desta guerra. Somos todos irmãos, não deveríamos nos matar - acrescentou Esteban.
Este é o desejo e a mensagem da música deste integrante do Bloco Oriental das Farc, que foi convidado ao palco pelo Alerta Kamarada, o grupo que inaugurou as apresentações diárias de bandas musicais no evento guerrilheiro.
Centenas de guerrilheiros acompanhavam domingo à noite, entusiasmados, o espetáculo diante do enorme palco com três telões instalado no amplo prédio onde a conferência é realizada. Entre os que dançavam havia representantes da equipe da guerrilha que desde novembro de 2012 negociou a paz com o governo, e delegados de todo o país que acompanham o encontro, que deve aprovar nesta semana o acordo para colocar fim a mais de meio século de conflito armado.