Para este colunistas, neto do que podemos chamar hoje de refugiados (eram tidos como imigrantes, mas a expressão "refugiado" passou a ser adotada depois da 2ª Guerra Mundial) e ardoroso adversário da xenofobia e do preconceito, a informação a seguir parece bem inquietante: o número de brasileiros que vê imigrantes de maneira positiva caiu drasticamente nos cinco últimos anos, enquanto cresceu o sentimento de desconforto com as mudanças trazidas por pessoas de outras nacionalidades. O levantamento é da Ipsos.
O país não está sozinho, revela o estudo, que investigou a percepção sobre imigração e a crise dos refugiados em 22 países entre junho e julho.
É evidente que a praga do terrorismo influencia diretamente nesse resultado.
Em 2011, quase um terço (30%) dos entrevistados no Brasil afirmava que a imigração havia tido um impacto positivo no país, percentual que recuou para apenas 17% no último monitoramento de Ipsos. Quase metade! Em contrapartida, houve um aumento de quatro pontos percentuais, de 19% para 23%, entre os que declararam que a imigração têm feito o país mudar “de uma maneira que eu não gosto”, aponta a pesquisa.
Houve também forte recuo no Brasil entre os que acreditam que a imigração tem impacto positivo na economia. Há cinco anos, quase metade dos pesquisados brasileiros (47%) concordava com essa afirmativa. No último mês, somente pouco mais de um quarto (27%) dos entrevistados acreditava em tal premissa, bem próximo da média global de 28%.
Globalmente, apenas um quinto dos entrevistados acredita que imigrantes tenham um impacto positivo em seus países, e quase metade dos pesquisados (46%) fala em desconforto com as mudanças trazidas por imigrantes.
- Imigração é um assunto global. Poucos países estão completamente tranquilos com os índices correntes de imigração, o controle disso e com o movimento massivo de pessoas - afirma Bobby Duffy, diretor geral na Ipsos Mori.
- Nenhum dos 22 países pesquisados possui uma maioria dizendo que a imigração tem um impacto positivo em seus países, embora haja uma grande variação de visões entre as nações ouvidas. O sentimento de preocupação em países como Turquia, Itália, Hungria e Rússia é particularmente claro na pesquisa - enfatiza o executivo.
O estudo Ipsos, intitulado “Global Views on Immigration and the Refugee Crisis” (Visões globais sobre imigração e a crise de refugiados), ouviu 16.040 pessoas na Argentina, Austrália, Bélgica, Brasil, Canadá, França, Alemanha, Grã-Bretanha, Hungria, Índia, Itália, Japão, México, Polônia, Rússia, Arábia Saudita, África do Sul, Coréia do Sul, Espanha, Suécia, Turquia e Estados Unidos entre os dias 24 de junho e 8 de julho.
Crise dos refugiados
Assim como na maioria dos países, a maior parte dos pesquisados brasileiros acredita que “há terroristas que tentam se passar por refugiados para entrar no país e causar violência e destruição”, mostra o estudo Ipsos. Em julho, seis em cada 10 pesquisados no país (64%) concordavam com tal afirmativa. O estudo mostra ainda que quase metade dos entrevistados brasileiros (46%) duvida que refugiados tentando entrar no país sejam, de fato, refugiados.
Apesar dos resultados, o Brasil ainda se mostra um dos mais otimistas quando o assunto é integração de refugiados à cultura local. De acordo com o estudo Ipsos, 66% dos entrevistados do país se dizem confiantes na possibilidade de integração bem-sucedida de refugiados.
Sobre a Ipsos
A Ipsos é uma empresa independente global na área de pesquisa de mercado presente em 87 países. A companhia tem mais de 5 mil clientes e ocupa a terceira posição na indústria de pesquisa. Maior empresa de pesquisa eleitoral do mundo, a Ipsos atua ainda nas áreas de publicidade, fidelização de clientes, marketing, mídia, opinião pública e coleta de dados. Os pesquisadores da Ipsos avaliam o potencial do mercado e interpretam as tendências. Desenvolvem e constroem marcas, ajudam os clientes a construírem relacionamento de longo prazo com seus parceiros, testam publicidade e analisam audiência, medem a opinião pública ao redor do mundo.