Dia sim, dia não, vem algo chocante da Venezuela. O governo de Nicolás Maduro agora deportou dois deputados do Equador que foram ao país se encontrar com opositores do chavismo. Os parlamentares tiveram de retornar ao Equador neste sábado. Os deputados equatorianos envolvidos no episódio são Cynthia Viteri, pré-candidata presidencial nas eleições de 2017, e Henry Cucalón.
De acordo com os parlamentares, agentes da inteligência venezuelana interceptaram o grupo equatoriano enquanto eles aguardavam em frente à prisão militar de Ramo Verde por Lilian Tintori, mulher do líder opositor Leopoldo López, que cumpre pena de quase 14 anos de prisão por suposta incitação à violência durante protestos contra o governo Nicolás Maduro em 2014 que deixaram 43 mortos - curiosamente, a maioria das vítimas foi abatidas em confrontos com as forças de segurança oficiais.
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O grupo teve os passaportes apreendidos e foi informado de que estava sendo expulso do país. Na manhã deste sábado, eles já estavam em Quito.
O governo equatoriano expressou preocupação após o incidente. A chancelaria expressou, em nota "sua preocupação com o incidente" em Caracas. Acrescentou que "solicitou informações adicionais ao governo venezuelano, para esclarecer o fato e tomar as medidas cabíveis". Disse, ainda, que, quando soube do fato, a embaixada do Equador em Caracas se dirigiu ao governo venezuelano para "solicitar a garantia dos direitos constitucionais dos cidadãos e cidadãs do Equador". De acordo com Cynthia Viteri, o grupo, que já havia conversado com líderes da oposição local, foi perseguido e expulso do país. Teve os passaportes apreendidos e foi informado de que deveriam voltar para o Equador.
Caracas acusa a oposição de buscar o apoio da direita internacional para tentar derrubar Maduro, que enfrenta uma ofensiva de adversários para a convocação de um referendo revogatório de seu mandato.
"O que vivemos na #Venezuela foi d terror. Já estamos no #Ecuador", expressou Cynthia no Twitter. "Graças a Deus estou junto à minha família. Em breve, poderão dizer o mesmo os 129 presos políticos da #Venezuela".
A Assembleia Nacional do Equador assinalou que Cynthia havia solicitado licença para se ausentar do parlamento até 2 de setembro, porque a viagem à Venezuela "não se tratou de visita oficial, uma vez que não foi realizada no exercício de suas funções parlamentares, nem como delegada do Legislativo".
Assinalou que Cucalón, embora não estivesse de licença, "tampouco cumpria funções próprias do Legislativo".
Cynthia Viteri se reuniu com membros do Legislativo e líderes da coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) antes de ser deportada.
A chancelaria da Venezuela informa que o governo expulsou a delegação do Equador por considerar que a mesma realizava "atividades desestabilizadoras".
Cynthia Viteri e sua comitiva "realizaram atividades proselitistas e desestabilizadoras em um país soberano, expressamente proibidas pelas normas migratórias venezuelanas", diz o comunicado da chancelaria.
O texto enfatiza que a comitiva liderada por Cynthia "interferiu de forma flagrante" nos assuntos internos da Venezuela, e que foi tomada uma medida de "cancelamento da autorização para que permanecesse legalmente no país".