O desespero da população venezuelana em meio ao caos do desabastecimento de 80% dos produtos básicos e da violência decorrente disso provoca as mais diversas e incríveis histórias. Na entrada de uma comunidade violenta de Caracas, por exemplo, predomina o mau cheiro do lixão Las Mayas. Perto dali fica a funerária onde Baldomero Hidalgo faz o trabalho que outras capelas de velório deixaram de fazer por medo. Baldomero prepara os funerais dos baleados, como são conhecidas as vítimas - em sua maior parte, jovens - de disputas entre bandos ou confrontos com a polícia em uma das capitais mais inseguras do mundo. Aos 32 anos, ele é um dos poucos que ainda se ocupam, em seu ofício, dos chamados "malandros". Precisa, inclusive, preparar alguns corpos e ajudar a velá-los em suas casas porque seus entes queridos também têm medo de serem mortos a tiros, por represália, em uma funerária. Dos 30 cadáveres que chega a "preparar" em um mês, 24 são de pessoas mortas por armas de fogo.
Caos venezuelano
Na Venezuela, está inseguro até celebrar velórios, e aumentam as perseguições políticas do governo
Caos do país governado por Nicolás Maduro provoca reflexos inusitados
Léo Gerchmann
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