Um dos ex-detentos da prisão americana de Guantánamo, que chegaram no Uruguai em 2014, cruzou a fronteira até o Brasil sem os controles de migração, informou o ministro do Interior (Segurança), Eduardo Bonomi ao jornal "El Observador". O episódio provocou desconforto.
– Não se sabe com que documentação saiu do país, já que não passou por qualquer registro – disse ele.
A informação havia sido divulgada pelo programa Santo y Seña, da TV Montecarlo, na noite de quarta-feira.
Depois, o ministro confirmou oficialmente.
Jihad Ahmad Diyab, de origem síria, chegou com outros cinco ex-detentos mediante acordo entre Estados Unidos e Uruguai. Todos eles têm status de refugiados no país sul-americano.
Bonomi recordou ao jornal que, em razão desse status, o cidadão sírio pode sair do país quando quiser, mas sustentou que o Brasil pode "não recebê-lo legalmente" e enviá-lo de volta para o Uruguai.
– É um problema do Brasil – disse ao "El Observador".
Aqui, vídeo da entrevista de Diyab quando esteve na Argentina:
Diyab foi visto pela última vez em 6 de junho no Chuy - fronteira com o Chuí brasileiro, no Rio Grande do Sul.
No Chuy, ele pernoitou em um clube da comunidade árabe.
A inteligência uruguaia já informou o governo americano sobre o sumiço do refugiado e iniciou uma busca.
Diyab nunca se mostrou cômodo com sua situação no Uruguai.
Fazia questão de recomendar que outros refugiados não fossem para o país.
Conforme o "El Observador", ele já havia tentado cruzar a fronteira anteriormente, mas as autoridades brasileiras não o deixaram entrar. Antes disso, fizera diversos atos de protesto em frente à embaixada dos EUA em Montevidéu. Foi o único dos seis ex-detentos na prisão americana que não assinou o convênio com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) para residir no Uruguai.