Quando pequena, perdia horas imaginando onde estaria naquele momento o menino com quem um dia eu iria me casar. Eu tinha certeza de que ele existia e, embora estivesse ainda em lugar desconhecido, sua vida rumava para a minha, era uma questão de tempo. Mas, e se o destino não nos tivesse proporcionado um encontro? É incômodo pensar o quanto um amor depende do acaso para surgir. É quase sinistro ficar ponderando sobre a casualidade, esse caráter aleatório onde qualquer variável mínima poderia ter alterado o cenário. Aqueles que passaram a viver um para o outro talvez nunca tivessem cruzado seus caminhos e estariam envolvidos com outras pessoas, tecendo com elas outras histórias. Chegamos até a ter verdadeiro ciúmes dos destinos alternativos que nossos amados não chegaram a viver.
Artigo
Predestinados, só que não
Psicanalista escreve quinzenalmente no caderno Vida
Diana Corso