Escrevo esta coluna antes de assistir à final da sexta temporada de Game of thrones, ainda sob o impacto da batalha do penúltimo episódio. Quem viu, viu. Quem não viu, que não leia estas maltraçadas linhas.
Você viu? Que épico, minha gente. A batalha dos bastardos poderia ter sido dirigida por Akira Kurosawa, de tão incrível no detalhe e no macro. As falas entre Daenerys e Tyrion – o maior dos estadistas que Westeros jamais viu – e com os irmãos Greyjoy são dignas de qualquer filme do Scorsese e seus gângsteres. Game of thrones botou para quebrar, e com isso ganhamos todos, inclusive este que vos coluneia semanalmente, que achava que GOT havia perdido seu mojo.
Não perdeu, e ainda ganhou uma nova forma, e ela é, definitivamente, feminina. E vai ser girl power para sempre, ao que vemos. Daenerys comanda milhares de dothraki, os navios Greyjoy e ainda uns dragões que fazem as vezes de artilharia aérea dotada de napalm biológico. Difícil segurar a moça daqui pra frente.
Na frente da batalha por Winterfell, as péssimas decisões passionais de Jon Snow só não levaram ao desastre campal por conta de Sansa, que abre o caderninho e vai buscar Little Finger, que estava ali por perto com alguns milhares de soldados, olhem só a coincidência. Sansa vence ao final, e ver o trágico e doloroso fim do malvadíssimo Ramsay lhe traz um sorriso ao rosto, porque assim são as mulheres poderosas.
As coisas tomam forma, e o novo poder será feminino, é o que GOT tem para nos contar. Falta Cersei se livrar do fanático e sem vergonha High Sparrow e passar ela também a mandar na banda. Essa pode ser a maior contribuição de GOT para o grande debate ocidental sobre o feminismo. As mulheres têm que mandar muito mais para o mundo ficar – mais do que justo, equilibrado. As mulheres de GOT estão assumindo a responsabilidade pelo que virá no mundo do inverno que chega. De várias formas, isso é uma sorte, e o que de melhor pode acontecer naquele mundo, como nesse aqui.