Uma notícia bem ruim, em diversos aspectos - incluindo a do turista que gosta de aproveitar as férias de julho levando os filhos para visitar Buenos Aires e ver os bichinhos de Palermo. Bah, coisa boa era ir até lá com a gurizada!
Só que... o custo era alto. E a tristeza vai bem além das questões turísticas.
Após denúncias de maus tratos e de que animais corriam risco de morte, a prefeitura de Buenos Aires anunciou o fechamento do zoológico da cidade e a abertura de um parque ecológico no local. Os quase 2 mil animais serão transferidos a reservas ecológicas do país e do Exterior. Ficarão em Buenos Aires somente aqueles cujo transporte signifique risco à saúde. Onze animais do zoológico estão em situação crítica - entre eles, um urso e um leão.
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O zoo permanecerá fechado até 18 de julho, quando reabrirá como ecológico e investirá o dinheiro dos ingressos para transformar o espaço e transferir os animais, conforme a agência estatal Télam. A previsão é de que eles sejam levados, inicialmente, para a reserva natural que a cidade possui.
Nota pessoal do colunista: quando eu morei em Buenos Aires, em 1997/1998, na esquina da rua Araoz com a avenida Santa Fe, meu apê ficava a só duas quadras do zoo. Depois, fui com meus filhos algumas vezes. Lembranças eternas...
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O ano passado foi especialmente dramático para os animais do zoo: morreram um filhote de girafa, dois lobos marinhos e uma mara.
- Estamos tomando uma decisão histórica de começar um processo de transformação. Este não é o lugar adequado para manter os animais - explicou o prefeito de Buenos Aires, Horacio Rodríguez Larreta, ao anunciar o projeto.
O zoo, inaugurado oficialmente em 1875, possui suntuosas jaulas e pérgolas, e foi declarado Monumento Histórico Nacional em 1997. O ministro negou que a decisão tenha sido tomada "porque todo o zoológico esteja em situação crítica", e afirmou que "só 11 animais estão" em tais condições. Sociedades protetoras dos animais questionam há anos a existência do zoo que, com o crescimento urbano do último século, ficou rodeado de edifícios e avenidas movimentadas, em zona valorizada pelo setor imobiliário.
O local, que ocupa 18 hectares, foi administrado pelo Estado durante décadas até 1991, quando foi cedido em concessão para empresas privadas.
A prefeitura esclareceu que "se encarregará dos 188 empregados" do zoológico e que estes serão essenciais para cuidado e traslado dos animais.
Sobre o destino dos animais, o ministro disse que haverá acordos com outros zoológicos e reservas do país e do Exterior. Os que não puderem ser trasladados por questões de idade ou saúde permanecerão no novo parque "até morrerem".
O debate sobre zoológicos no país aumentou neste ano quando o governo da província de Mendoza tornou pública a informação de que vários animais estavam morrendo em decorrência de problemas que vão desde consanguinidade à falta de instalações para abrigar todos no inverno.
Naquele zoo, 70 animais morreram desde o início do ano. O governo anunciou que irá leiloar os animais não exóticos em julho. Em La Plata, o zoológico também será transformado em um parque.
Será aberto um concurso para definir o novo modelo de parque, que deverá ter espaço para educação ambiental com suportes tecnológicos e uma clínica para atender animais vítimas de tráfico. O contrato que a cidade tinha com uma concessionária para administração do zoológico foi quebrado pelo governo porque a empresa não paga, desde o começo deste ano, a tarifa mensal de um milhão de pesos (R$ 230 mil). Com isso, o local voltou a ser estatizado.
Na prática, o zoo estava aberto ao público desde 1888. Suas 52 edificações copiam arquiteturas das regiões naturais dos animais.
Por serem patrimônio da cidade, elas serão mantidas.
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Frases...
Prefeito de Buenos Aires, Horacio Rodríguez Larreta:
“O zoo não dá mais. Estamos convencidos de que a transformação em um ecoparque é o passo correto, em sintonia com decisões semelhantes tomadas em outras grandes cidades do mundo. Agora será um complexo interativo que promoverá a educação ambiental.”
"Hoje, apontamos a uma sociedade que valoriza a sustentabilidade, que prioriza o meio ambiente e este espaço não é a melhor maneira."
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Alguns detalhes a mais:
- Já houve várias ações judiciais contra o mau estado dos animais do Zoo.
- A queda na venda de ingressos tornou o passeio um negócio pouco rentável, e a empresa concessionária deixou há seis meses de pagar suas obrigações, precipitando os planos de mudança.
- Uma Comissão para a Transformação do Zoológico de Buenos Aires recomendou avançar para um modelo de ecoparque, aberto à comunidade.
- A mudança não será imediata. Haverá um censo dos animais. Serão avaliados os estados de saúde de cada um e tomada a decisão sobre o local para onde irão.
- A prefeitura calcula que 50 exemplares permanecerão no lugar porque mudá-los poria sua vida em risco.
- Entre os animais, está a orangotango Sandra, famosa depois de sentença que a considerou “sujeito de direitos” por ser uma “pessoa não humana”.
- A polêmica pelas condições nas quais vivem os animais no zoo cresceu no final de 2014, quando a Associação de Funcionários e Advogados pelos Direitos dos Animais (Afada) conseguiu o "habeas" para Sandra.
- A Afada considerava Sandra "privada ilegalmente de liberdade" e pediu sua libertação do espaço. Além disso, em outubro de 2015, um filhote de girafa de duas semanas morreu no zoológico por conta de sérias deficiências de nutrição que a equipe veterinária não conseguiu resolver.
- A ideia é converter os prédios do zoo em espaços interativos de educação ambiental, com suportes tecnológicos. Haverá uma clínica veterinária.