Sério: dá raiva! Qualquer ser humano do bem só pode sentir raiva. Estou sendo cru como raramente sou ao interpretar uma notícia. Mas não há alternativa.
É escárnio, cinismo, deboche puro.
Só pode ser isso, apesar da profunda seriedade que o tema encerra. Ou Nicolás Maduro pensa que somos burros, mesmo.
O The New York Times, o mesmo jornal que fez editorial na semana passada criticando profundamente o impeachment de Dilma Rousseff, resolveu programar uma pauta que este colunista já fizera tempos atrás: entrou num hospital venezuelano para ver o que ocorre no país onde falta tudo, de alimentos a medicamentos, com um atendimento médico dramático - o desabastecimento atinge mais de dois terços da cesta básica, e a inflação, a maior do mundo, já supera os 200% anuais. A diferença é que eu entrei num hospital de Caracas, ainda em melhores condições que o visitado pelos americanos.
Mas o resultado é o mesmo: escândalo!
O que pode ser ainda mais escandaloso?
O presidente presidente venezuelano, dizendo, para a mesma publicação que mostra a foto acima, que o sistema de saúde venezuelano é o melhor do mundo!
Veja bem!
Há qualquer possibilidade de defesa de um regime desses?
A dignidade passa longe daquele local. A morte passa perto. O descaso e a hipocrisia permeiam todo o cenário dantesco. Impossível não se indignar!
Aqui está um jornalista que preza muito pela independência. Mas, gente, a coisa chegou num limite tenebroso. O chavismo está destruindo um lindo país, com uma população maravilhosa, entre a qual tenho queridos amigos, gente ótima.
É impossível, para qualquer pessoa de bom senso, olhar a reprodução da foto que estampa esta coluna, ler a declaração de Maduro e ser condescendente com tamanha truculência e tamanho escárnio. A impressão é de que estamos perto de ter uma Coreia do Norte bem aqui ao lado, ao norte do Brasil.