Embalado por matéria feita pela agência de notícias France Presse, a coluna comenta as principais curiosidades de uma eleição interessante.
Os peruanos elegem no domingo seu novo presidente para os próximos cinco anos, em uma votação marcada por muitas curiosidades.
1) Um dos candidatos na disputa é Gregorio Santos, em prisão preventiva há dois anos e à espera de um julgamento por suposta malversação de fundos públicos quando era governador da região de Cajamarca (nordeste). Teve permissão temporária para sair e participar em um debate. Para o encerramento da campanha, gravou um vídeo que foi exibido em uma praça para seus seguidores. Mais curioso ainda é que, por questões legislativas polêmicas, diversos candidatos foram impugnados ou renunciaram. Santos ficou!!!
2) Como foi dito acima, a disputa peruana começou com 19 candidatados em janeiro, mas, desde então, muitos renunciaram ou foram expulsos pela nova lei eleitoral, restando apenas 10 aspirantes. Entidades como a OEA chegaram a se manifestar pondo em dúvida o caráter democrático das eleições deste domingo.
3) A lei de partidos políticos que rege desde janeiro e permite excluir candidatos por financiamento ilegal de campanha provocou confusão no Júri Nacional de Eleições, que foi alvo de críticas por falta de critérios claros na aplicação da norma. O próprio órgão eleitoral faz autocrítica e considera a norma dacroniana.
4) A aplicação da nova lei provocou a exclusão de duas candidaturas: do milionário César Acuña, que entregou dinheiro a eleitores durante sua campanha, e a de Julio Guzmán, que chegou a ficar em segundo lugar nas pesquisas, por descumprir normas administrativas nas primárias de seu partido.
5) Durante a campanha, Acuña foi acusado de plagiar textos em sua tese de doutorado na Espanha. My God!!! Também de apropriar-se da autoria de um livro de seu professor. Céus!! Fora da disputa, ninguém fala mais do assunto...
6) Entre tantas saídas e expulsões, a cédula de votação foi impressa com 14 nomes. No entanto, quatro renunciaram depois da impressão e seus rostos aparecem na cédula. Os votos em seu favor serão considerados nulos.
7) Pela primeira vez duas mulheres estão perto de vencer a presidência: Keiko Fujimori, a favorita, e Verónika Mendoza, da Frente Ampla.
8) Keiko é filha do ex-presidente Alberto Fujimori, condenado a 25 anos de prisão por corrupção e violação dos direitos humanos, considerado o presidente mais corrupto da história do país e o sétimo do mundo, conforme a Transparência Internacional. O parentesco é bom e é ruim para Keijo.Por quê?
9) Ser filha de Fujimori é bom para Keiko porque o assistencialismo do seu pai lhe garante muitos votos cativos no interior do "Peru profundo". E ela cuidou para fazer campanha nesses lugares. Também é ruim para Keiko porque, paradoxalmente, ela tem altos níveis de rejeição, o que, na disputa de segundo turno (dada como certa) pode lhe custar a eleição. Até por isso, ela já andou dando declarações para se descolar da figura paterna, em especial no dia em que os peruanos lembravam o golpe que ele promoveu para reforçar seus poderes.
10) No português, as atuais eleições dão margem a vários trocadilhos, a começar pelo fato de que o Peru poderá escolher entre duas mulheres. Caso a esquerdista Verónika perca o segundo lugar para o economista de centro-direita Pedro Pablo Kuczynski, também conhecido como PPK (pe-pe-ka). Ora, o sr. PPK, ainda por cima, também conta com alguma rejeição, que supera os 30%. Qual a piada pronta? Como pode Peru rejeitar PPK?! Enfim, coisas da América Latina...
Ficamos por aqui, para não aprofundarmos os trocadilhos do Peru.