Olá a todos. Depois das colunas Informe Especial e Contracapa, volto a ZH com um olhar brasileiro sobre Paris, onde vivo há mais de 15 anos, abordando política, gastronomia, artes, esportes e cotidiano.
Paris ainda sente em suas ruas e bulevares ecos dos mortíferos ataques terroristas de 7 de janeiro e 13 de novembro de 2015. Não somente pela intensificação das revistas em portas de lojas e em entradas de metrôs e da ostensiva presença do policiamento civil e militar na permanente ameaça de novos atentados. Com 46 milhões de visitantes anuais, a cidade foi afetada por uma brusca queda do turismo (responsável por 7,4% do PIB do país), que perdura neste início de ano.
O índice de ocupação dos hotéis na região parisiense caiu em média 20%, e em até mais de 50% no caso dos grandes palaces da capital. O impacto atingiu também os principais monumentos e museus. Em 2015, o Louvre registrou uma diminuição de sua frequência de 4,8% em relação ao ano anterior. Os índices negativos foram de 3,6% para o Palácio de Versalhes e de 2,6% para a Torre Eiffel. Vizinhos europeus também desertaram a capital francesa: 37% para os russos, 17,3% para os italianos, 9,6% para os holandeses e 7,9% para os alemães. No caso dos japoneses, a queda foi de 22%, o que justificou a viagem da prefeita de Paris, Anne Hidalgo, a Tóquio na semana passada.
- É importante explicar que os parisienses continuam a sair, que aproveitam a noite, que os teatros estão abertos, que eventos culturais e festivos ocorrem no espaço público.
O dispositivo de segurança, necessário e útil, é muitas vezes incompreendido no Exterior - disse a prefeita, referindo-se a "fantasias" sobre a existência de um toque de recolher. O brasileiro Marcos Martins, um dos sócios da agência de turismo Boulevard Paris, comprova as dificuldades no setor:
- Caiu muito. Todos os nossos clientes, sem exceção, perguntam sobre as questões de segurança. E no caso do Brasil, a situação agravou-se com a forte desvalorização da moeda em relação ao euro.
Nova York levou cerca de quatro anos para recuperar seu nível de turismo após a tragédia das Torres Gêmeas, em 2001. Paris aposta na Eurocopa 2016, em junho e julho, para começar a retomar seu brilho turístico de Cidade-Luz.