A presidente Dilma, o ex-presidente Lula e o PT estão se despedindo do poder. Cada um, a seu modo, está dizendo adeus, de olho em um futuro que tem as eleições de 2018 como horizonte. Melhor qualquer esperança futura do que a ruína do presente.
A ruína foi produto do modo petista de governar, com o abandono de qualquer ideia sensata de gestão da coisa pública. As ideias de esquerda, implementadas, produziram 9,5 milhões de desempregados, com tendência crescente, PIB em queda livre, inflação em alta e quebra generalizada de expectativas.
Sobrou à miopia esquerdista nada mais do que a velha narrativa de luta contra o "neoliberalismo", como se fosse a política "neoliberal" que teria conduzido o país a esse precipício. Mudar reside em uma simples alternativa entre a sensatez e a insensatez. Não se trata de uma opção entre esquerda e direita, mas de simples bom senso.
O bom senso foi perdido a partir do segundo mandato do ex-presidente Lula, ganhando contornos dramáticos neste início - já terminal - do segundo mandato da presidente Dilma. A velha corrupção patrimonialista mudou de forma. Ela ganhou um sentido ideológico, como se fosse o instrumento de administração - na verdade, de apropriação - da coisa pública.
A coisa pública foi apropriada partidariamente, privadamente. Em seus primórdios, o PT e Lula conseguiram conquistar a - incauta - opinião pública graças a um discurso salvacionista de redenção dos pobres. Apresentavam um futuro de bem-aventurança enquanto se apropriavam, para si, a coisa pública, o Tesouro.
Ocorre que o charme desapareceu. O cristal do messianismo se despedaçou. O PT ficou sem discurso, embora ainda guarde a cidadela, personificada por um Palácio do Planalto cada vez mais deserto. Os aliados estão se apressando a sair. O grupo de apoio está sendo reduzido a um grupo de convictos.
Estão desacorçoados. Não lhes resta nenhuma narrativa para o exercício do poder, para o bem comum. Restou-lhes, somente, o discurso de uma oposição imaginária, a deles mesmos. Estão desembarcando do poder sem dizê-lo explicitamente. A narrativa do "golpe", da luta contra o juiz Moro, do combate contra a Globo e os meios de comunicação em geral é, neste sentido, a preparação de um futuro próximo oposicionista.
Trata-se de um discurso de despedida, pretendendo arregimentar as tropas restantes para o próximo combate. É como se o presente já estivesse perdido. Para eles, está!
É a narrativa do adeus.