Recentemente, o deputado Raul Jungmann publicou o seguinte aforismo em sua página do Facebook: "Se a política não resolver a crise, a crise resolverá a política". A frase é boa e corresponderia a uma correta previsão não fosse o fato de que, nas atuais circunstâncias, a crise não pode resolver a política porque, em nosso país, o governo é a política e a crise é o governo.
O que acabo de referir são duas das muitas consequências desse presidencialismo de prendas, prebendas, maracutaias e pixulecos, praticado no Brasil em intensidade crescente. Afinal, é o governo, e apenas ele, que tudo dirige. Seus apoios são cooptados com a mão enfiada em nossos bolsos, ou seja, mediante recursos públicos. É com pagamento em espécie, arrendamento das próprias estruturas e leilão de cargos na administração que o governo assegura permanência no poder, embora, há mais de um ano, seja aprovado por apenas 10% da população. Só o jornalismo militante e os poucos beneficiados dirão que isso é bom e democrático. A estes não falta coragem para acusar a oposição. Ora, a oposição é culpada, sim. Culpada de fazer muito menos do que deve!
Há poucos dias, em cálculo elaborado a partir da redução da taxa de poupança interna, a jornalista Monica de Bolle estimou que o governo Dilma causou ao país uma perda de riqueza de R$ 300 bilhões. O economista Paulo Rabello de Castro, em artigo posterior, avaliou que, se Dilma nada tivesse feito para atrapalhar, nossa economia teria crescido aqueles medíocres 2,5% ao ano, conforme vinha obtendo. E concluiu: até 2018, nossa presidente terá custado R$ 1 trilhão ao país.
Dilma é dispendiosa. No estresse desse cenário, sempre que posso, assisto às sessões das duas casas do Congresso. Durante uma inteira década, que já se tem como perdida, o governo se desfazia em escândalos e a economia descia aos trambolhões o despenhadeiro mencionado nos parágrafos anteriores. Nas mesas dos melhores analistas, as luzes de advertência eram substituídas por sirenes de alarme. E o que mais se via, até fins de 2014, nas tribunas da Câmara e do Senado, eram congressistas do PT e do PC do B preenchendo todos os espaços em exuberantes demonstrações da mais maliciosa soberba, ou da mais ruinosa ignorância. E a oposição? Pois é. Salvo poucas vozes, mantinha-se em indolente omissão, como se fosse delegação estrangeira, em visita de cortesia. Total indisposição para o confronto e absoluto desinteresse pela indispensável ação política de mobilização e formação da opinião pública para proteção do país.
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