O medo de perder o carro, patrimônio tão duramente conquistado, levou à morte a funcionária pública Andréa Costa da Silva, nesta semana, em São Leopoldo. Ela tentou fugir e foi alvejada por um dos ladrões. Eles estão por toda a parte, como mostram as estatísticas divulgadas nesta terça-feira pela Secretaria da Segurança Pública (SSP): os crimes que envolvem assaltos não param de crescer.
Um dos motivos é a demanda por peças automotivas, que aumenta sobretudo em tempos de crise financeira: o motorista prefere substituir equipamentos do veículo a comprar um novo (basta ver os pátios das montadoras, cheios de carros zero à espera de compradores que não surgem). Enquanto a Lei dos Desmanches não fecha os ferros-velhos, os gaúchos convivem com padrões epidêmicos de roubo e furto de carros.
Os assaltos em geral aumentaram também - e aí é preciso concordar com a opinião dos chefes da Brigada Militar e da Polícia Civil: enquanto presos não trabalharem (por falta de serviço no sistema prisional) e leis brandas permitirem a soltura de ladrões no intervalo de apenas alguns dias, o roubo vai compensar. É enxugar gelo.
Por fim: estranho que o governo tenha optado por divulgar os números da criminalidade em meio a um feriadão, em um site, sem chamar a imprensa para explicar os dados. E até existiam bons números a comentar, além dos ruins: queda nos crimes leves e estabilização dos homicídios.
A decisão fica ainda mais incompreensível uma vez que, na semana passada, a SSP fez questão de propagandear, em uma tática de relações públicas, números parciais do mês de janeiro (até o dia 24) que traziam apenas dados positivos referentes a redução de alguns crimes no período específico, sem revelar números das modalidades que tiveram aumento.
Dessa vez, preferiram a discrição, talvez porque alguns delitos violentos são recorde.
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