Imagina que triste seria para a história do esporte brasileiro se um dia Fernando Scherer, o Xuxa, dissesse: "Não posso me exercitar porque eu tenho asma". Diagnosticado com o problema respiratório na infância, o nadador não nos brindou com tamanho desgosto. Pelo contrário, o medalhista de bronze em duas Olimpíadas e de ouro em sete Jogos Pan-Americanos procurou a natação na adolescência justamente para conviver melhor com a doença.
Mas quem nunca ouviu alguém dizer isso? Na equação que alguns erroneamente formam, esportes não combinariam com asma, conclusão obtida pela imagem de falta de fôlego proporcionada pela doença. Mas especialistas estão aí para derrubar esse mito. Inclusive, estão prontos para afrontá-lo, dizendo que a atividade física pode até mesmo ser benéfica para as pessoas que sofrem desse mal.
Presidente da seção gaúcha da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, Paulo Roberto Goldenfum está nessa lista. Mas ele faz uma importante ressalva: a prática de esportes é bem-vinda para aqueles que têm a doença controlada.
Ou seja, estão em tratamento adequado.
- Sabemos que o exercício físico pode ser um desencadeador de crises asmáticas, principalmente no inverno. A poluição também, quando se corre no horário do rush, por exemplo, em torno de carros. Por isso, a recomendação é de que se faça uso de medicamentos como broncodilatadores até 30 minutos antes da prática de atividades - explica.
Segundo o especialista, nove pessoas morrem de asma por dia no Brasil, por isso a importância de derrubar a ideia de que a bombinha faz mal.
- Com aval do especialista e a consciência de que é uma doença crônica, que precisa ser tratada constantemente, a pessoa pode se exercitar. A prática desportiva é recomendada pelos médicos, pois melhora o condicionamento físico - complementa Goldenfum.
Tudo isso é reforçado por um estudo da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), divulgado em agosto do ano passado. A pesquisa mostra que os sintomas da asma diminuem em até 70% quando o paciente pratica exercícios aeróbicos.
Foi observado pelos cientistas, comandados pelo fisioterapeuta e professor da USP Celso Carvalho, que uma quantidade maior de alérgenos como pó, poeira e ácaros era necessária para fazer a via aérea fechar nos praticantes de atividade física que eram asmáticos e que foram comparados a pacientes sedentários. A partir dessa inferência, chegou-se à conclusão de que a inflamação diminuiu significativamente entre aqueles que praticaram atividade física e que o exercício é anti-inflamatório, atuando na melhora da qualidade de vida do asmático.
Agora que você descobriu que a asma não é mais impedimento como tempos atrás se pensava, ouça seu médico, não descuide da medicação e escolha um esporte para chamar de seu.