Um período controverso da história peruana parece ensaiar um retorno, talvez apenas como uma paródia - ainda assim, provocando certo desconforto para boa parcela da população peruana que guarda péssimas lembranças.
Keiko Fujimori, filha do ex-presidente preso Alberto Fujimori, lançou sua segunda candidatura à presidência do Peru no dia 4 de dezembro e já de início mostrou a que viria: apresentou o projeto de utilizar os fundos emergenciais do Estado para reativar a economia do país, que cresce de forma lenta.
Mulher em meio a uma cena política repleta de homens veteranos, Keiko, 40 anos, afirmou que não hesitaria em lançar mais títulos da dívida no mercado internacional e que também usaria o fundo emergencial de US$ 10 bilhões para financiar projetos de infraestrutura. São planos de quem aparece como favorita, mantendo algo como 30% das intenções de voto num eventual primenro turno - marcado para o próximo 10 de abril.
De acordo com os institutos de pesquisa, o economista Pedro Pablo Kuczynski ficaria em segundo lugar, e o ex-presidente Alan García em terceiro. Nas projeções de segundo turno, ela também venceria. Sua votação subiria para 40% em média, tanto contra Pedro Pablo Kuczynski como contra Alan García.
O papai de Keiko foi preso por supostas violações aos direitos humanos entre 1990 e 2000. Por isso, as tristes lembranças...
O foco do discurso da moça, porém, é a economia.
- Temos um dos menores níveis de dívida no mundo - disse ela em recente reunião com líderes empresariais na cidade de Paracas, no sul do país.
- Quando você tem um momento de emergência, você deve tomar medidas drásticas e importantes.
A economia do Peru, importante produtor mundial de ouro e de cobre, cresceu numa surpreendente média anual de mais de 6% entre 2003 e 2013. Esse crescimento, porém, caiu bastante em 2014, para 2,4%, uma vez que os preços dos minérios recuaram - isso está ocorrendo de forma geral. A expectativa agora é de crescimento de 2,8% para este ano, depois de uma nova revisão para baixo no mês passado.
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Keiko, favorável ao livre mercado e ao investimento privado, disputou a presidência do país contra o presidente Ollanta Humala e perdeu no segundo turno em 2011.