Conversava com minha filha sobre as modas das selfies (a foto de autorretrato) e essas outras fotos que estão na moda, como, por exemplo, fotografar o que se come. As fotos antes disso supunham um olhar sobre nós, ou seja, alguém parou para nos registrar. Nas de agora, o olhar externo é posterior. De certa forma essas fotos são o pedido de um olhar.
Dizia a ela que isso era uma forma de egolatria desenfreada. Mas Júlia propôs outra abordagem. O problema, diz ela, é que não fazemos as perguntas certas: quem realmente se interessa pelo teu sorriso? Quem quer saber com qual roupa estás, se é bem abrigada e decente para a ocasião, se estás penteado ou despenteado? Quem quer saber com quem estás saindo e se são boas pessoas? Quem quer saber o que estás comendo? Especialmente isso, pensa bem, quem mais se interessaria pelo que tem no teu prato?
Acho que o leitor agora já começa a perceber a resposta que eu também pensei: mamãe! Sim, só ela sempre tem olhos para nós e nossas gracinhas. Quem mais neste planeta vai querer ver se tem ou não brócolis no prato fotografado? Se ele é equilibrado ou estamos comendo porcarias?
Definitivamente, essas fotos foram criadas e desenvolvidas para discretamente alimentar as mães de informação. Elas não comentam para que você se iluda de que elas não sabem. Algumas até têm um discurso de que não dominam a tecnologia e depois são flagradas manejando laptos e tablets de última geração, com arquivos bem classificados com todas as fotos por dia e local.
A verdadeira questão é saber qual foi a organização materna que lançou e desenvolveu a ideia das selfies para poder melhor exercer seu controle. Sei que muitos de vocês estão pensando que só pode ser coisa do setor de inteligência das Iidiches Mames, as mães judias organizadas. Elas estão na primeira linha das suspeitas. Mas não esqueçam da força e organização da Mamma Mia, a associação secreta das mães italianas, a única instituição na Itália que até a máfia respeita. Ela é séria candidata a ter sido o cérebro.
Como a tecnologia é americana, fica a suspeita se não seria algo da Mother Hen, ligada à CIA, ou da Helicopter Mom, mais próxima do FBI. Por outro lado, desde que a Merkel chegou ao poder, a DGM (Deutschen Glucken-Mütter) ganhou muita força política, pode ser dela. Há quem diga que é coisa maior, da OMU, braço secreto da ONU que congrega as mães do mundo inteiro.
* Mário Corso substitui Luis Fernando Verissimo, que está em férias.