Como qualquer gaúcho apaixonado por futebol, já vivi muitos Gre-Nais memoráveis. Talvez o mais incrível tenha sido o Gre-Nal do Século em 1989. Ao contrário do que poderia pensar alguém de azul disposto a me chamar de colorado, não tem nada a ver com a vitória do Inter. A relevância daquele clássico é que ele decidia um finalista do Brasileirão e eu estava recém entrando no meu terceiro ano de microfone. Meu sonho de criança engatinhava e era espetacular que eu estivesse trabalhando no clássico que, antes, eu desfrutava como torcedor de um dos dois gigantes da cidade.
Abrir a chave do microfone, naquele contexto, era fazer parte da história. Porém, se aquele jogo me marcou pelas razões que acabei de descrever, o da quinta-feira (12) promete ser ainda mais antológico. É o primeiro Gre-Nal de Libertadores. Meus cabelos brancos atestam que já vi muito clássico nesta minha vida. Nenhum como este. Haverá um segundo no returno e não duvido que se encontrem numa eliminatória adiante.
Grêmio e Inter vão muito parecidos para a Arena. Ambos vitoriosos na estreia da Libertadores, ambos ainda em busca da formação ideal, ambos com treinadores de vocação ofensiva que terão testadas suas convicções neste jogo. É que o empate não seria ruim para nenhum deles. Neste contexto, vão manter o discurso e, mais do que isso, praticá-lo?
Creio que sim, embora nenhum deles tenha leve jeito para kamikazes. Coudet não vai prescindir do talento de De Alessandro. A questão é se vai trancar o meio com o retorno de Lindoso para sustentar a presença do seu mais criativo jogador ou simplesmente escolher entre Marcos Guilherme e Thiago Galhardo quem sai para volta do capitão. No Grêmio, Renato já sabe quais os limites do seu meio-campo com três volantes. Jogará em casa assim tão precavido? Arriscará Thiago Neves? Lançará mão de Pepê de saída ou só durante o jogo? Estas questões pontuais serão tema de debates esportivos por aí até a hora do jogo. Como tem de ser.
D'Alessandro volta
Não há quem faça D'Alessandrices se não o 10 do Inter. Numa jogada sua deu o gol da classificação colorada à fase de grupos. O gringo ainda sobra em talento. Não é preciso trancar o time de novo. Mas a legítima escolha da estratégia pertence a Eduardo Coudet.
Jean Pyerre no banco
A questão aqui não é a qualidade técnica invejável do meia gremista. O problema são os quase seis meses sem jogar de Jean Pyerre. Seria uma incrível recuperação de ruptura para Gre-Nal tão intenso, seria demasiado o risco de alguém fora de sintonia com a força e a explosão, por exemplo, de Lucas Silva e Matheus Henrique no meio-campo. Mas quem há de duvidar de Renato Portaluppi? Já colocou faixa de campeão sul-americano ganhando e sobrando contra o Lanús.