Neste domingo (23), em Porto Alegre, o tango argentino prosseguirá e, creio, terá final feliz com vitória sobre o Catar. À esta altura, importa pouco em que posição a Argentina se classificará. Anda jogando tão pouco, a convulsão interna se repete com qualquer treinador na casamata, Messi joga tão menos que ir adiante já será maravilhoso para os argentinos. Como há boa qualidade individual do meio para frente, nada impede que o encaixe venha logo adiante na fase eliminatória. Hoje, nem é provável, mas possível, quem negará? A Colômbia, desobrigada de colocar titulares porque já é primeira do grupo, pode perder para o Paraguai não porque queira, mas porque o jogo tem muito menos valor para ela do que para o adversário. Neste caso, a Argentina pode passar adiante com um fiasquento terceiro lugar.
Segunda-feira, o Uruguai vai dar de frente com o Chile. É emocionante ver os uruguaios jogando. Suam em bicas, deixam tudo em campo mesmo se o resultado não vem, como contra o Japão pré-olímpico, e seu torcedor costuma aplaudir tanta devoção. O time de Tabárez é desequilibrado. Possui dois dos melhores zagueiros e dois dos melhores atacantes do mundo. O treinador tenta rejuvenescer o elenco e cercar Godin, Gimenez, Suárez e Cavani com mais qualidade nas demais posições onde hoje há jogadores comuns ou pouco acima disso. De Arrascaeta, se engolir uma poção de indignação uruguaia, tem bola para se aproximar dos protagonistas. Não é processo fácil, muito menos rápido. Mas necessário, é.
Para quem estranhe ver os gigantes da América do Sul tendo solavancos na campanha, lembre que sempre foi assim. O que mudou foi a quantidade de vezes em que o desafiante cria caso e se dá bem. A razão principal não é hermética. Por definição, destruir é muito mais fácil do que construir. Imagine então quando os treinadores dos times menos dotados tecnicamente se debruçam a estudar estratégias que agreguem força física, velocidade e organização. A angústia do gigante tentando fazer gol tira seus defensores do lugar, o contra-ataque vira a bola do jogo que pode virar vitória. Até hoje, porém, na hora grande, os tais gigantes têm conseguido o último golpe que lhe salva a pele e lhe põe no peito a faixa. Um dia, a camiseta de tonelada poderá sucumbir ante à outra mais leve. Será histórico e ocasional, mas que pode, pode.