Quando o São José fez 1 a 0 no Juventude naquele arremedo de campo de futebol do Passo D'Areia, os gremistas devem ter relaxado com o que parecia o destino reservado aos melhores times. Mesmo que o clássico do domingo no Beira-Rio levasse a outros dois na fase de quartas de final, o torcedor campeão da América poderia ter em mente que seu time, ao natural, eliminaria o grande rival, recém resgatado de volta a seu lugar.
Porém, ao fim da partida da última quinta-feira, um pequeno ou nem tão pequeno drama havia se instalado para quem veste azul. O Gre-Nal do Beira-Rio vai definir não a posição entre os oito em que o Grêmio estará na próxima fase, mas se o Grêmio estará na próxima fase.
O Gre-Nal ganha este contorno dramático que o colunista, um tanto sozinho tempos atrás feito pregador no deserto, alertava que poderia acontecer. O clássico em que D'Alessandro completará 400 jogos com a camisa do Inter poderá ser histórico. Basta que o time de Odair Hellmann elimine o Grêmio do Gauchão. Um feito, considerando de onde o Inter está vindo e a temporada fantástica que o grande rival fez em 2017. Renato Portaluppi não contava ter problemas tão graves tão cedo.
O Gauchão, desejo confesso do presidente e do próprio Renato, está sob ameaça. Se o Juventude vencer o Veranópolis em Caxias do Sul, transmissão ao vivo da RBSTV às 17h do domingo, obrigará o Grêmio a ganhar do Inter no Beira-Rio para se classificar. Para poder apenas empatar o clássico e ainda assim ir às quartas de final, o Grêmio precisará que o Juventude tenha o mesmo resultado no Alfredo Jaconi.
Como os jogos serão todos no mesmo horário, é impossível ter a certeza de que o empate bastará. Logo, por mais que os gremistas se incomodem em ler, o Inter pode, sim, tornar histórico o Gre-Nal. Basta que, nos resultados combinados, tire o tricampeão da Libertadores do Campeonato Gaúcho.
Arthur e Luan, descontados, ainda assim teriam a contribuir neste Grêmio claudicante de início de ano. Cícero de articulador deu errado, Thonny Anderson não parece prioridade para o treinador gremista, mas qualquer episódio mais rotineiro da formação de equipe fica menor do que a necessidade.
Nas outras vezes em que o Grêmio esteve submetido a este tipo de pressão, respondeu bem na maioria dos episódios. Títulos dão este tipo de qualidade a quem os conquista: nada mete medo, tudo tem uma conexão com algo que já tenha acontecido e sido superado. É no que apostam os gremistas para o Gre-Nal que se reveste de uma importância que ninguém projetaria antes de a bola começar a rolar.