O movimento no entorno da Praça dos Três Poderes já começava a diminuir na noite chuvosa de quarta-feira (13) quando explosões foram ouvidas a poucos metros da escultura A Justiça, em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF). Policiais militares chegaram rápido, e constataram que um homem com explosivos grudados ao corpo havia morrido. Mais do que as circunstâncias do ocorrido, a memória de 8 de janeiro de 2023 deixou a capital federal em alerta. Os primeiros momentos foram de tensão, de várias trocas de telefonemas entre autoridades e de incerteza.
O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, que chegou a ser afastado do cargo após a quebradeira do ano passado, não estava na capital federal nesta quarta. A governadora em exercício, Celina Leão, foi ao local das explosões logo após ser avisada, reuniu rapidamente a equipe de secretários e a cúpula de segurança, e determinou reforço imediato de segurança no entorno de todos os prédios públicos. Logo depois, convocou a imprensa para anunciar as primeiras ações.
— Quero dizer que o governo do Distrito Federal tem comando. Nós estamos cuidando da situação com toda a força da nossa segurança pública e dando condição para que as pessoas tenham informações atualizadas e verídicas — anunciou.
No momento da entrevista, as investigações já apontavam para um atentado isolado, promovido, segundo Celina Leão, por um “lobo solitário”. A preocupação em mostrar eficiência e compromisso com a pronta-resposta, no entanto, era visível. Afinal, as suspeitas de omissão e até mesmo de conivência da Polícia Militar e outras autoridades do Distrito Federal com os atos golpistas de 2023 deixaram cicatrizes no governo.
Antes de falar aos jornalistas, a governadora em exercício telefonou para os presidentes da Câmara, Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco. Os orientou a cancelar as sessões de quinta-feira (14) para uma varredura mais completa, por precaução. Também fez contato imediatamente com integrantes ministros do governo Lula, anunciando o plano de ação.
Além da apuração sobre o planejamento do crime e a revisão dos procedimentos de segurança, o ato desta quarta-feira ainda deve repercutir nos bastidores da política e impactar no andamento do projeto de lei que anistia presos dos atos do 8 de Janeiro.
Segundo o governo do Distrito Federal, a investigação até agora aponta que o homem morto é Francisco Wanderley Luiz, que foi candidato a vereador pelo PL nas eleições municipais de 2020 e publicava com frequência ameaças a autoridades nas redes sociais. Ainda que seja um ato isolado, o histórico mostra que as ideias de 2023 ainda estão vivas e podem significar mais ameaças.