O presidente Lula conduziu uma longa reunião no Palácio do Planalto, nesta sexta-feira (3), antes de decidir pelo adiamento do Concurso Nacional Unificado (CNU), que seria realizado no domingo (5). Único gaúcho na cúpula do governo, o ministro da Comunicação Social da Presidência, Paulo Pimenta, tentava convencer colegas de Esplanada nos últimos dias sobre a necessidade de assegurar o adiamento no Rio Grande do Sul. Até a manhã desta sexta, a ideia estava descartada. Mas o quadro mudou por duas razões.
Primeiro, Pimenta expôs ao presidente e a outros ministros que mesmo em cidades que tiveram alagamentos em locais pontuais, como Porto Alegre e Santa Maria, não haveria condições de assegurar as condições mínimas aos candidatos. Bloqueios de estradas, falta de luz e de água, interrupções no serviço de internet em diversas regiões tornavam a situação ainda mais delicada. O ministro, portanto, insistia na necessidade de se estabelecer um adiamento apenas no Estado.
Na consulta ao Ministério da Gestão, responsável pela organização do concurso, e à Advocacia-Geral da União (AGU), verificou-se que não seria possível elaborar uma outra prova no mesmo patamar de exigência. Diferentemente do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), não há para o concurso um banco de perguntas à disposição. Por isso, a conclusão foi de que só seria possível adiar a aplicação das provas se fosse para todo o Brasil.
Membros da cúpula do governo se dividiram sobre a decisão. Afinal, há mais de 2,1 milhões de inscritos. Pimenta insistiu, contudo, sobre a gravidade das enchentes que atingem o Estado e o avanço rápido da tragédia. Mesmo diante do transtorno, o presidente foi sensível ao apelo e decidiu que o adiamento seria a melhor decisão.
Ao justificar o adiamento, a ministra da Gestão, Esther Dweck, disse publicamente que ao realizar o concurso sem garantir acesso aos moradores do Rio Grande do Sul, o governo iria “ferir o princípio da democratização do acesso ao serviço público e inclusão da maior parte dos brasileiros”.
A nova data ainda não foi divulgada porque, segundo a ministra da Gestão, será necessário avaliar "questões logísticas complexas" antes da decisão.