A alta na arrecadação no primeiro bimestre do ano foi surpreendente, animou o governo e reduziu bastante a necessidade de bloqueio do orçamento. A limitação de gastos livres de R$ 2,9 bilhões, anunciada nesta sexta-feira (22), ficou distante de projeções mais pessimistas que indicavam cifras perto de R$ 15 bilhões. Mas isso está longe de significar uma guinada firme em direção ao cumprimento do déficit zero.
Além de contar com a sequência de bom desempenho da economia, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, terá de lidar com as resistências do Congresso à aprovação de medidas que reduzem benefícios fiscais. Alguns projetos em discussão no momento, como isenções ao setor de eventos e redução da contribuição previdenciária de prefeituras, indicam derrotas do governo.
A lista de ministérios atingidos pelo bloqueio de orçamento só deve ser divulgada na semana que vem. Já há brigas internas em busca do menor prejuízo. Conciliar os interesses na arrancada do ano com um bloqueio bem abaixo do previsto não será uma tarefa tão árdua. O problema será limitar o orçamento ao longo de todo o ano, com a pressão política das eleições municipais e a tendência de necessidade de maior aperto nas contas.
Justiça seja feita, Haddad desenhou um plano para cumprimento da meta de déficit zero neste ano. Mas ele caminha quase sozinho nesta estrada. Além do presidente Lula, importantes ministros defendem a necessidade de manter alto o patamar de investimentos públicos. Ao que tudo indica, será necessário muito fermento para fazer este bolo crescer o tanto que é esperado.