Agora que a proposta de emenda constitucional (PEC) da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) que busca o fim da chamada escala 6 x 1 - seis dias de trabalho por um de descanso na semana - alcançou apoio necessário para ser protocolada na Câmara, é bom examinar melhor seus efeitos.
O texto propõe substituir o regime atual de 44 horas semanais por 36, o que daria quatro dias de nove horas ou cinco com 7,2 horas. Claro, a semana de quatro dias de trabalho é mais tentadora, mas tanto a deputada quanto o vereador eleito pelo Psol no Rio de Janeiro Rick Azevedo, autor da ideia no movimento Vida Além do Trabalho (VAT), admitem que a ambição efetiva é uma semana de 5x2.
Como para muitos profissionais isso já é realidade, quem, afinal, seria o alvo da PEC? A jornada de 44 horas permite escala de 6x1 com apenas 7,34 horas diárias, é só fazer a conta (dividir 44 por 6).
No Brasil, a maioria dos profissionais que cumprem essa escala são trabalhadores do comércio e em serviços, como de hotéis, bares e restaurantes. Suas jornadas costumam ser de sete horas e vinte minutos, seis dias por semana. Mas não eram 7,34 horas? É bom lembrar que a hora tem 60 minutos, não cem. Ao aplicar 0,34 sobre 60, o resultado é 20,4.
Para efeito da grande divisão setorial da atividade econômica - agropecuária, indústria e serviços -, o comércio está no último grupo, responsável por cerca de 70% do PIB do país e por cerca de dois terços dos número de empregos no país. Não é um impacto pequeno, mas há mérito no debate.