Teste crucial para a ambição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva como líder global, a reunião de chefes de Estado do G20 que começa nesta segunda-feira (18) no Rio de Janeiro enfrenta o "risco Milei".
O presidente da Argentina ameaça complicar a obtenção de um documento abrangente e ambicioso do grupo das maiores economias do planeta. O problema surgiu nas negociações entre os líderes das delegações (sherpas) que estão discutindo o conteúdo há mais de uma semana.
Os antecedentes não são promissores: Milei foi capaz de gastar recursos públicos - em um país que precisa desesperadamente reduzi-los - para fazer uma espécie de flash mob em Baku, no Azerbaijão, onde ocorre a COP29, a conferência do clima da ONU. A comitiva argentina compareceu, aparentemente, só para fazer a cena da retirada ordenada pelo presidente argentino.
Durante a semana passada, a delegação argentina bloqueou vários temas, entre os quais a taxação de grandes fortunas e medidas para reduzir discriminação e violência de gênero. Ainda não está claro se a Argentina vai aceitar assinar uma declaração final - o principal "produto" do encontro de cúpula - com ressalvas ou se de fato se recusará a assinar.
Caso queira "causar", como fez em Baku, Milei pode ser responsável pelo fracasso diplomático da presidência brasileira do G20, que se encerra com a reunião de cúpula. Claro, o presidente argentino faz mais barulho, mas não é o único responsável pelas dificuldades em produzir uma declaração relevante.
Embora a ambição do Itamaraty seja produzir um documento que incentive a busca da paz, é difícil obter consenso até sobre o uso da palavra "guerra" para descrever situações claramente definidas assim entre Rússia e Ucrânia e no Oriente Médio.
Ainda que a declaração final enfrente impasse como os que marcaram vários desses encontros, Lula terá uma imagem para a história que será feita ainda nesta manhã. A abertura da cúpula será marcada pelo lançamento da Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, iniciativa brasileira que mobiliza países e organizações internacionais para tentar eliminar esses problemas até 2030.